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Terapia em ratos reverte cegueira

Estudo pode ser base para tratar degeneração macular em humanos

Pesquisadores americanos anunciaram nesta quinta-feira que células derivadas de células-tronco embrionárias de seres humanos desaceleraram a perda de visão quando injetadas nos olhos de ratos.

Eles eram portadores de doença similar à degeneração macular, principal causa de cegueira humana após os 55 anos de idade.

Os experimentos não garantem que as células funcionarão em humanos, no entanto. Mas, por demonstrar que têm potencial para exercer o papel das células defeituosas na retina, o trabalho justifica a tentativa de adotar a técnica em pessoas.

A degeneração macular é uma boa candidata à terapia com células-tronco, a princípio, porque os olhos não são monitorados de perto pelo sistema imunológico. Portanto, células de outro indivíduo podem ser enxertadas com menor risco de rejeição.

Raymond Lund, da Universidade de Utah em Salt Lake City, e Robert Lanza, da Advanced Cell Technology (ACT), em Worcester, Massachusetts, começaram a desenvolver um método para transformar células-tronco embrionárias em células epiteliais de pigmento retinal, que nutrem as células 'fotorreceptoras' sensíveis à luz no olho. Na degeneração macular, elas desaparecem gradualmente.

Os pesquisadores conseguiram essa transformação em todas as 18 linhas de células-tronco com as quais trabalharam. Depois, injetaram cerca de 20 mil em cada olho na retina de 14 ratos com uma doença genética parecida com a degeneração macular.

Quarenta dias depois, a equipe mediu a atividade elétrica da retina em reação a lampejos de luz e descobriu que os ratos tratados foram duas vezes mais reativos à luz ante oito ratos não tratados.

Um outro teste, que acompanha os movimentos do olho e da cabeça em resposta a um objeto em movimento, mostrou que, quase três meses após o tratamento, os ratos tratados tiveram o dobro de acuidade visual em relação aos não tratados.

Na autópsia dos ratos, exames microscópicos da retina mostraram que os olhos tratados apresentaram camadas fotorreceptoras saudáveis com cinco a sete células de espessura, enquanto os olhos não tratados tinham uma espessura média de apenas uma célula.

Os ratos saudáveis têm camadas de 10 a 12 células. Nenhuma das células se dividiu anormalmente nem desenvolveu tumores, informa a equipe na edição de ontem da revista Cloning and Stem Cells.

'É um trabalho muito empolgante', diz Lucian Del Priore, especialista em transplantes de células retinais da Universidade Columbia. Um banco de células de retina derivado de cem linhagens de células-tronco embrionárias de diferentes contextos imunológicos seria suficiente para fornecer tratamentos à maior parte da população americana, diz Lanza, da ACT.

Porém, Del Priore adverte que a doença dos ratos não é idêntica à degeneração macular humana (aliás, nenhuma doença animal é), e ainda não se sabe quanto tempo as novas células sobrevivem em funcionamento. As respostas do sistema imunológico, embora geralmente neutralizadas dentro do olho, podem eventualmente levar à rejeição, diz ele.


Data: 22/09/2006