topo_cabecalho
Cientista do Rio de Janeiro, artigo de Wanderley de Souza

Muitas vezes, a atividade de pesquisa é prejudicada pela impossibilidade de obter recursos para pequenos itens

Wanderley de Souza - Secretário de Estado de CT&I do RJ, reitor do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), membro das academias Brasileira e Mundial de Ciências e professor titular de Parasitologia da UFRJ



O Estado do Rio de Janeiro tem hoje 10.500 pesquisadores organizados em 2.800 grupos de pesquisa reconhecidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

São os membros destes grupos de pesquisa, em geral coordenados por um pesquisador mais experiente, os responsáveis por colocarem o Rio de Janeiro como o segundo centro produtor de trabalhos científicos do país, e o segundo centro de formação de recursos humanos ao nível de pós-graduação.

Contamos hoje com 14% de todos os cursos credenciados pela Fundação de Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação. Este percentual sobe para 26% se considerarmos apenas os cursos de excelência.

O sucesso de um grupo de pesquisa depende de vários fatores. Certamente o nível de financiamento dos projetos em execução é fundamental, sobretudo nos casos em que a obtenção de equipamentos e reagentes sofisticados, bem como a manutenção da infra-estrutura existente, são elementos importantes do projeto.

O mesmo se aplica aos projetos que envolvem o deslocamento das equipes para coletar dados.

No entanto, nem sempre são apenas os grandes recursos que permitem a evolução positiva dos projetos. Muitas vezes, a atividade de pesquisa é prejudicada pela impossibilidade de obter recursos para pequenos itens.

Outras vezes os recursos existentes não permitem, por questões legais, cobrir despesas inesperadas.

A experiência pessoal de vários membros que vêm participando da elaboração e da implementação de políticas de governo na área da C&T, aliado às demandas e sugestões apresentadas pela comunidade científica fluminense, levou o então governador Anthony Garotinho a autorizar, em 1999, a implantação na Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa (Faperj) de um programa inovador, logo batizado de "Cientistas do Nosso Estado", que visava a apoiar, inicialmente, 100 pesquisadores.

Este programa concede uma bolsa mensal para uso na manutenção do grupo de pesquisa, no valor de R$ 2 mil, liberados regularmente a cada mês. Com esse dinheiro o pesquisador tem liberdade para resolver a maioria dos pequenos problemas que afetam o andamento de seus projetos.

Ao ser lançado o programa, 565 dos mais importantes pesquisadores fluminenses se candidataram às 100 bolsas oferecidas. Logo a seguir novos editais, realizados em 2000 e 2002, ampliaram o programa para 200 bolsas, sempre com grande demanda.

Em 2004, já com o apoio da governadora Rosinha Garotinho, o programa foi ampliado para 300 bolsas. No último edital do programa, cujo julgamento ocorrerá nas próximas semanas, 817 propostas foram apresentadas para disputarem as 300 bolsas.

A análise das inscrições realizadas mostra uma procura maior do programa por pesquisadores que atuam em Ciências Biológicas (27%), seguido das áreas de Ciências Exatas e da Terra (21%), Engenharia (16%), Ciências Sociais Aplicadas (11%) e Ciências Humanas (6%).

Merece destaque o fato de 5% das propostas serem apresentadas por pesquisadores/inovadores que atuam na área da inovação tecnológica, apontando para a necessária e importante integração da pesquisa acadêmica, tão intensamente praticada nas instituições localizadas em nosso estado, com as incubadoras de empresa, os parques tecnológicos e as empresas de base tecnológica existentes.


Data: 22/09/2006