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Migrantes têm participação importante no obituário por doença de Chagas

Pessoas que residiam em um estado diferente daquele em que nasceram representaram 32% do total de óbitos em brasileiros com naturalidade conhecida entre 1981 e 1998. Maioria dos migrantes era natural de Minas Gerais e Bahia.

 

Importantes transformações no perfil da saúde e da doença na população brasileira têm sido creditadas a migrações inter e intraregionais, pois hábitos culturais e sociais das áreas originais acabam sendo adotados pelos migrantes nas áreas de destino, aumentando o risco de transmissão de doenças. João Augusto Drumond e Luiz Francisco Marcopito resolveram quantificar a participação dos migrantes brasileiros no obituário por doença de Chagas e determinar se houve mudanças nas taxas de mortalidade e idade dos óbitos.

 

De acordo com artigo publicado na edição de outubro de 2006 dos Cadernos de Saúde Pública, “no Brasil, observa-se mortalidade por doença de Chagas até em áreas reconhecidas como livres da transmissão vetorial. Considerando que as taxas de mortalidade referem-se a residentes, e que houve imenso movimento migratório interno no país, este estudo tem como objetivo avaliar a participação dos migrantes brasileiros no número de mortes pela doença no período compreendido entre 1981 e 1998”.

 

A equipe observou que dos 68.936 óbitos com naturalidade conhecida, 32% foram em nascidos em Unidades da Federação diferentes daquela em que estavam residindo, cifra que variou de 0,3% no Rio Grande do Sul a 100% em Roraima e Amapá. A maioria desses óbitos em migrantes ocorreu em naturais de Minas Gerais e da Bahia. “Em cifras nacionais, o movimento migratório de pessoas que vieram a falecer por doença de Chagas foi mais importante do Sudeste para o Sudeste, Centro-oeste e Sul, e do Nordeste para o Sudeste e o Centro-oeste. Em escala bem menor, do Centro-oeste para o Centro-oeste, do Sul para o Sudeste, e do Nordeste para o Nordeste e o Sul”, afirmam os pesquisadores no artigo.

 

As taxas de mortalidade em residentes mostraram declínio sustentado no Sudeste, Sul e Centro-oeste, mas não no Nordeste e Norte, onde as idades medianas de morte foram as mais baixas. Segundo os especialistas, “isso pode estar relacionado à conseqüência de esforços dirigidos mais à eliminação do Triatoma infestans, que é pouco freqüente ou inexistente nessas regiões”.


Data: 21/09/2006