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Plasma em estoque está perto do vencimento

País só terá capacidade de extrair produtos do sangue em 2010

Por lei, o plasma não pode ser jogado no lixo, por ser bem da Nação, um produto do sangue.

'Estamos no limite de armazenamento e preocupados com o que será feito com o material, principalmente os lotes mais antigos', diz Dante Langhi Júnior, diretor da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.

Os primeiros lotes estão mesmo prestes a vencer. 'Estamos na data limite', afirma Eliana Cardoso Vieira, coordenadora de Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde.

'Isso tem tirado nosso sono. Mas queremos tomar todo cuidado para estabelecer as condições que deverá ter a fábrica escolhida para usar o nosso plasma'.

De acordo com Eliana, a expectativa do governo é que até o fim do mês o edital com as condições de segurança para fracionamento do plasma seja publicado.

'A partir do edital com as normas , a escolha da fábrica de hemoderivados deverá ser rápida'.

Talvez este cronograma seja otimista demais. 'O governo acaba de nos pedir a renovação do contrato para armazenar o plasma', diz George Crivoi, da diretoria de administração do Hemocentro de São Paulo.

'Ele dura seis meses e esta é a terceira vez que eles solicitam a renovação.'

Perda de qualidade

O plasma tem validade de cinco anos. Mas, bem antes disso, já perde a qualidade. 'Muitos hemoderivados vão desaparecendo com o tempo.

Depois de um ano, por exemplo, a quantidade de pelo menos quatro deles se torna insignificante', explica Rogério Bassit, hematologista da Fundação Pró-Sangue, em São Paulo.

'Com
um ano e bem acondicionado, passa a servir para a extração de albumina'.

A albumina, um dos poucos derivados estáveis do plasma, é uma proteína usada em casos graves de desnutrição ou de algumas doenças dos rins e do fígado.

Entre os hemoderivados que perdem a validade estão os fatores 8 e 9, que representam cerca de 20% a 30% do plasma. O fator 8 é a proteína que falta aos portadores de hemofilia A, a mais grave.

O 9, a que falta aos hemofílicos do tipo B. Cada hemofílico usa 30 unidades de fator 8 por ano.

Só em 2006, o País vai gastar R$ 244 milhões na importação de seis tipos de derivados. 'Cada unidade de fator 8 tirado do plasma estrangeiro custa cerca de US$ 0,40.

Quando era extraído do plasma nacional, gastávamos US$ 0,26', conta Dalton Chamone, diretor da Pró-Sangue.


Data: 20/09/2006