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A expansão da pós-graduação em áreas estratégicas, artigo de Wanderley de Souza

A título de exemplo, enquanto em 1996 o País tinha 65 mil alunos de pós-graduação, hoje este número é de 120 mil. Destes, um terço não dispõe de bolsa, apesar do esforço governamental para ampliar esse número


Wanderley de Souza - Secretário de CT&I do RJ, reitor do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), membro das academias Brasileira e Mundial de Ciências e professor titular de Parasitologia da UFRJ

 


É fato comprovado que existe uma correlação positiva entre a atividade de ensino ao nível de pós-graduação, sobretudo com os cursos de Mestrado e Doutorado com ênfase experimental, e o crescimento da produção científica de uma instituição, de um estado ou de um país.

Desde a criação das duas principais agências nacionais envolvidas no apoio direto à formação de mestres e doutores no Brasil - a Capes e o CNPq -, é possível perceber uma ampliação gradativa do número de alunos inscritos e do número de bolsas ofertadas.

A título de exemplo, enquanto em 1996 o País tinha 65 mil alunos de pós-graduação, hoje este número é de 120 mil. Destes, um terço não dispõe de bolsa, apesar do esforço governamental para ampliar esse número.

Tal fato ocorre mesmo em áreas em que há um número de doutores menor do que o necessário para ocupar as vagas existentes nas universidades brasileiras, como é o caso da Matemática.

Destaque-se que a cada ano aumenta a participação das Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa (FAPs) na formação de mestres e doutores.

O Estado do Rio de Janeiro tem hoje cerca de 270 cursos de pós-graduação nas mais diferentes áreas do conhecimento. Muitos destes se destacam em nível nacional e internacional, fazendo com que as vagas oferecidas sejam disputadas por estudantes de vários estados e de países da América do Sul.

Dados recentes mostram que 25% dos melhores cursos de pós-graduação do país são oferecidas por instituições fluminenses.

A partir das discussões que coordenamos com representativos membros da comunidade científica fluminense, das visitas que realizamos juntamente com a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro às mais diversas instituições acadêmicas fluminenses, e da elaboração do programa de ação estratégica desta secretaria, foram definidas algumas áreas importantes em que é necessário o aumento do número de mestres e doutores no nosso estado.

Para melhor atender a esta demanda específica, temos a colaboração da Capes, o que permitiu lançar um novo edital que vai oferecer 150 novas bolsas de pós-graduação para algumas áreas específicas do conhecimento.

A primeira área a ser definida é a da Matemática, uma vez que em vários concursos recentemente realizados em instituições públicas fluminenses o número de candidatos foi muito baixo.

Segundo, algumas áreas da Engenharia, em que o Rio de Janeiro apresenta elevada demanda, como é o caso das engenharias Ambiental, Naval e de Petróleo e Gás. Tão logo o governo federal decida retomar a implantação de Angra 3, a área da Engenharia Nuclear será contemplada.

Terceiro, a área de Produção de Fármacos, tendo em vista o importante parque farmacêutico instalado em nosso estado, destacando-se a presença de Farmanguinhos, a existência de forte base acadêmica nesta área e o papel nucleador do Instituto Virtual de Fármacos da Faperj, além da sua importância como parte da política tecnológica brasileira.

A quarta área é a da Nanotecnologia, base para as modernas inovações tecnológicas em várias áreas do conhecimento. Hoje o Rio de Janeiro conta com o Instituto Virtual de Nanotecnologia da Faperj, que reúne mais de uma centena de pesquisadores, atuando em várias instituições, e que vai gradativamente assumindo posição de liderança nacional nesta importante área.

A quinta área é a da Biotecnologia, com ênfase nas áreas da genômica e da proteômica e suas aplicações. O Rio de Janeiro conta com redes de pesquisadores atuando nas duas áreas, com prioridade para a pesquisa sobre a fixação de nitrogênio por plantas de elevado interesse econômico, como é o caso da cana-de-açúcar.

A sexta área se refere ao programa Biodiversidade da Mata Atlântica Fluminense, onde se busca fortalecer setores como os de Zoologia e de Botânica, induzindo-os a atuar na pesquisa de novas plantas medicinas e ornamentais, bem como na preservação de importantes espécies animais.

A sétima área se refere às Ciências do Mar, com ênfase no fortalecimento do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, localizado em Arraial do Cabo, em estreita colaboração com a Marinha brasileira.

Ali estamos apoiando pesquisas e a formação de recursos humanos, para conhecer mais sobre o processo de bioincrustração e identificar novas substâncias biologicamente ativas derivadas de organismos marinhos.


Data: 18/09/2006