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Supressão tumoral

Em artigo na revista Cancer Cell, grupo de pesquisa internacional, que contou com a participação de brasileiro, mostra que a ativação dos fatores de transcrição da proteína NF-KapaB pode ter efeito terapêutico importante em certos tipos de câncer

É mais um passo na direção do desenvolvimento de terapias eficazes contra o câncer. Dessa vez, o mecanismo bioquímico identificado por um grupo de pesquisa internacional poderá ajudar no combate a tipos bem específicos de tumores, principalmente os localizados no cérebro (astrocitomas), coração (rabdomiomas) e rins (angiomiolipomas).

"Verificamos que esses três tumores têm grande incidência de mutações no gene TSC2, que é supressor de tumor", disse Ricardo Corrêa, pesquisador do Laboratório de Biologia Celular e Molecular do Departamento de Bioquímica do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, um dos autores do trabalho.

O estudo, publicado esta semana na revista Cancer Cell, foi feito quando Corrêa trabalhava no Instituto Salk, na Califórnia, em 2005. "Os resultados demonstram que a ativação dos fatores de transcrição da proteína NF-Kapa B [componente que auxilia no controle da morte celular] é um mecanismo que contribui para a resistência e a sobrevivência das células deficitárias em TSC2", disse Côrrea à "Agência Fapesp".

Para chegar aos resultados agora publicados, os pesquisadores trataram células relacionadas ao genes TSC2 com agentes que promovem danos ao DNA e também com fatores pró-inflamatórios. "Nesse caso, percebemos que as células estudadas perderam a ativação da via de NF-KapaB e também apresentaram baixa taxa de sobrevivência", disse.

Os autores conseguiram restituir as funções celulares perdidas ao tratar o material biológico com rapamicina. Esse foi o agente responsável pela ativação da NF-KapaB, que por sua vez aumentou a taxa de sobrevivência celular.

"O tratamento desses tumores específicos já vem sendo feito com a rapamicina, mas esse fator acaba por promover resistência desses tumores ao tratamento quimioterápico", disse Côrrea. Agora, com a identificação também da importância do NF-KapaB no processo, um cerco ainda maior aos tumores poderá ser tentado.

Segundo o pesquisador brasileiro, a administração combinada de quimioterápicos que tenham como alvos tanto os receptores da rapamicina como o fator NF-KapaB maximiza os benefícios da terapia anticâncer. "Isso, claro, para os tumores derivados de mutações de TSC", disse Côrrea.

O artigo Essential role of tuberous sclerosis genes TSC1 and TSC2 in NF-?B activation and cell survival pode ser lido por assinantes em http://www.cancercell.org.


Data: 14/09/2006