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Brasil perde com lentidão na área da ciência

Falta de capacidade de se estabelecer projetos de longo prazo também é problema

A série de debates sobre temas relevantes ao país promovida pelo caderno Aliás, do Estado, terminou ontem com uma conversa sobre o papel estratégico da ciência.

Segundo os convidados, o Brasil perde oportunidades de crescimento por lentidão no setor e falta de capacidade de se estabelecer projetos de longo prazo.

Participaram Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); Fernando Reinach, diretor executivo da Votorantim Novos Negócios e colunista do Estado; Laymert Garcia dos Santos, professor de Sociologia da Unicamp; e Silvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar).

O evento ocorreu no auditório do jornal, em SP, e foi mediado pela editora do Aliás, Laura Greenhalgh, e pelo editor-chefe do Estado, Flávio Pinheiro.

Segundo Reinach, faltam consciência e investimento no Brasil. Em outras nações, lembra, a população reconhece um remédio ou um tocador de MP3 como um produto da pesquisa.

"No Brasil, os produtos que são referência do setor são importados. Nosso presidente prefere se explicar usando analogias com o futebol do que com racionalidade científica."

Santos trouxe à discussão uma visão ampla e histórica da falta de interesse. "Perdemos o pé a partir da década de 70 e continuamos patinando no quesito inovação", diz.

"Somos lentos demais e nem sequer atentamos para o nosso papel na configuração mundial."

Meira diz que o governo não cria um ambiente propício para os brasileiros produzirem conhecimento. "Faltam condições para o capitalismo empreendedor no Brasil."

Cruz, um dos principais defensores atuais do fomento à pesquisa em empresas, vê oportunidade de crescimento em áreas como energia.

"Criou-se no país uma mentalidade de que a pesquisa deve ser feita na universidade. Empresa é tão lugar de pesquisa quanto universidade."

Seis debates foram promovidos dentro deste ciclo - os temas tratados anteriormente foram educação, segurança e violência, pobreza e desigualdade, crescimento econômico e cultura.

O conteúdo do debate será editado na sexta-feira em caderno especial de "O Estado de SP".


Data: 12/09/2006