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Pesquisa investiga toxidade de tintas comercializadas em São Paulo

O estudo revela que amostras de três dos principais esmaltes sintéticos em circulação possuem  teores de compostos orgânicos voláteis superiores ao valor recomendados pela Diretiva Européia par o ano de 2007.

 

Tintas que ajudam a embelezar moradias, escolas e até mesmo hospitais representam um risco à saúde dos moradores de São Paulo. Esta foi uma das constatações de pesquisa realizada recentemente pelo Departamento de Engenharia de Construção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em parceria com outras universidades e com instituições como o Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT), e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati), cujo objetivo foi avaliar a qualidade de tintas comercializadas no mercado de São Paulo.

 

De acordo com a Agência CT e com matéria publicada na “Revista Habitare”, os pesquisadores avaliaram 30 amostras de tintas látex e esmalte, tomando como parâmetro a proposta de regulamentação européia devido “à semelhança com os critérios brasileiros na classificação de tintas de interior e exterior, com base água/solvente”.  A pesquisa foi dividida em duas vertentes: uma delas investigou a contribuição de biocidas na inibição de microorganismos (bactérias e fungos) que possam vir a comprometer a toxidade e a durabilidade de tintas aquosas, enquanto a outra se deteve na análise quantitativa e qualitativa de pigmentos anticorrosivos e de compostos orgânicos voláteis - substâncias à base de carbono cuja pressão de vapor elevada possibilita a evaporação rápida para a atmosfera, o que acarreta queda de qualidade do ar.

 

Esmaltes sintéticos apresentaram mais problemas

 

Uma análise preliminar das informações coletadas ao longo dos testes mostrou que “cerca de 40 a 50% das substâncias são voláteis – ou seja, continuam sendo eliminadas dias depois da aplicação”. Além disso,  também foram verificadas diferenças na velocidade de emissão (secagem) das amostras, havendo “uma elevada emissão dos compostos poluentes nas primeiras 24 horas”, que pode vir a ocorrer dias depois numa intensidade menor. No caso dos esmaltes sintéticos, essa eliminação chegou a ser constatada sete dias depois da utilização do produto.

 

A pesquisa ainda revelou que, enquanto as tintas látex apresentaram níveis de compostos orgânicos voláteis “bem inferiores aos índices máximos sugeridos pela Diretiva Européia para o ano de 2010, para tintas semi-brilho e interior”, os valores encontrados em esmaltes sintéticos não apresentaram conformidade com os teores estabelecidos por tais diretrizes. De acordo com a Agência CT, em três dos principais produtos do gênero foram encontrados “teores superiores ao valor recomendados para 2007”.

 

Legislação ambiental

 

Terminadas as análises das amostras, os pesquisadores envolvidos no projeto devem dar continuidade à missão de tornar as tintas menos poluentes e menos tóxicas para o pintor e para o morador.  O próximo passo será utilizar os resultados da pesquisa não apenas para fornecer às indústrias alguns critérios a fim de que elas possam adequar os teores de compostos orgânicos voláteis e de pigmentos tóxicos de seus produtos, mas também para elaborar uma proposta de legislação ambiental que restrinja o uso de substâncias nocivas na fabricação de tintas – como já acontece no Canadá, Estados Unidos e Reino Unido.

 

Segundo Kai Uemoto, autora do livro ´Projeto, execução e inspeção de pinturas´ e uma das pesquisadoras integradas ao projeto da USP, a expectativa é de que “uma metodologia de baixo custo seja aprimorada e auxilie na estimativa de velocidade de emissão dos poluentes pelas tintas”. De acordo com ela “as tintas são uma grande fonte de poluição atmosférica e afetam de forma preocupante a saúde do trabalhador”, podendo gerar uma série de problemas de saúde como complicações respiratórias; irritação da pele e dos olhos; náuseas e dores abdominais. 


Data: 11/09/2006