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UFABC à espera de seus alunos, artigo de Hermano Tavares e Luiz Bevilacqua

Hoje, diante de tudo que pudemos observar, desde que assumimos a missão de levar a cabo o projeto de construção da Universidade Federal do ABC (UFABC), podemos fazer um balanço otimista sobre o presente e o futuro de nossa nova instituição

Hermano Tavares e Luiz Bevilacqua, respectivamente, Reitor e Vice-Reitor da Universidade Federal do ABC



Em julho deste ano, a UFABC realizou o seu primeiro vestibular para o qual se inscreveram 12.508 candidatos que disputaram 1.500 vagas. A proporção de 8,3 candidatos por vaga foi superior à média observada nas instituições públicas de ensino superior do Brasil que, em 2004, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), foi igual a 7,9.

Considerando ter sido nosso primeiro vestibular e o fato da UFABC ter uma proposta pedagógica bastante inovadora, o que alguns supunham como fator inibidor das inscrições, registramos com satisfação que o número de inscritos superou nossas previsões.

Disposta a por em prática uma política de ação afirmativa, desde a sua criação, a UFABC reservou a metade de suas vagas como cotas para os alunos que cursaram o Ensino Médio em escolas públicas. Dessas 750 vagas, 206 foram reservadas para candidatos de origem étnica negra ou parda e indígena.

Para assegurar a qualidade dos ingressantes, a UFABC exigiu de todos os candidatos um desempenho mínimo de 50% na primeira fase do vestibular. O rigor dessa exigência é maior ou igual ao praticado por qualquer universidade pública ou privada do estado de São Paulo.

O índice de corte se revelou adequado. A média final dos 1.500 aprovados foi de 64,1 pontos em 100 possíveis, valor sabidamente alto para aqueles que acompanham o desempenho dos candidatos nos vestibulares realizados em todo o Brasil. Desconsiderando-se os aprovados que participaram dentro do sistema de cotas, a média final dos primeiros 1.500 teria sido igual a 64,4 pontos, ou seja, uma diferença de apenas 0,3 pontos.

Portanto, a diferença de desempenho observada na adoção do sistema de cotas não chegou a meio por cento, mas permitiu que mais 158 estudantes egressos do ensino público fossem aprovados, elevando em mais de 10% a participação deles na relação dos aprovados (de 39,5% para 50%).

Dos 1.500 aprovados, 36% são moradores da Região do ABC, 33% da cidade de São Paulo e 31% de outras localidades. Esses três números praticamente iguais indicam que, se por um lado é verdade que a região do ABC foi a principal beneficiada com as vagas oferecidas, por outro se constata que a UFABC demonstrou um poder de atração que foi além de aspectos regionais.

As aulas começam agora, 11 de setembro, data de início do primeiro trimestre letivo, quando a UFABC receberá os primeiros 500 dos 1.500 alunos aprovados. A eles se juntarão outros 500, no dia 29 de janeiro, data de início do segundo trimestre, e mais 500 no dia 21 de maio, para o terceiro trimestre.

Eles serão recebidos por cerca de 100 professores e 100 funcionários. Salvo os cargos de confiança previstos em lei, todos foram aprovados em concurso público. No caso dos cargos técnicos e administrativos, houve mais de seis mil candidatos. O corpo docente foi selecionado em 24 concursos públicos que receberam 677 inscrições.

Para compor as bancas examinadoras da seleção de professores foram convidados 72 renomados pesquisadores doutores das principais instituições nacionais de ensino e pesquisa, como a Unicamp, a USP, a UFRJ e o ITA, entre outras.

Conquanto a idade média de 36 anos reflita a juventude do corpo docente, cumpre registrar um fato inédito em todo o sistema federal de ensino superior no país: absolutamente todos os docentes, sem exceção, possuem título de doutor, sendo que praticamente metade deles já estagiou ou fez cursos no exterior como parte complementar ou integral na obtenção do referido título.

Tem sido um prazer observar o entusiasmo demonstrado por esses funcionários e professores nas reuniões preliminares de aprendizagem e domínio das práticas administrativas, formação de grupos científicos afins, distribuição da carga didática dos primeiros trimestres, entre outros assuntos, como a implantação das atividades de pós-graduação "stricto-sensu", cujo início formal ocorrerá em 2007.

Como era de se esperar, nossas atividades se iniciam em instalações temporárias até a construção do nosso campus. É sabido, todavia, que uma Universidade não se faz com prédios, mas com os corações e as mentes de todos os que dela participam.

Conclamamos nossos futuros alunos a chegarem até nós com o mesmo entusiasmo e compreensão, que têm sido demonstrados pelos nossos funcionários técnicos e administrativos e pelo corpo docente.

Se a todos os notáveis indicadores citados aqui conseguirmos somar um clima geral de cordialidade e serenidade, temos certeza de que encurtaremos, em muito, o tempo para que a UFABC se transforme em uma das principais instituições de ensino e pesquisa do Brasil.


Data: 11/09/2006