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Lula reafirma apoio à cooperação Sul-Sul, ao falar na Conferência da Academia de Ciência para o Mundo em Desenvolvimento

"A cooperação Sul-Sul é instrumento poderoso na conformação de um mundo que respeite sua diversidade e tenha consciência de sua unidade fundamental"

Leia a íntegra do discurso de Lula, lido pelo ministro Sergio Rezende, na abertura da 10ª Conferência Geral da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento - TWAS, no último sábado:

"É com grande prazer que dou as boas-vindas a todos os delegados à 10ª Conferência Geral da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento - TWAS, e à Conferência Ministerial de Ciência e Tecnologia dos países do G-77.

O Brasil sente-se honrado em sediar um evento que está no cerne de tantos desafios com que os países do Sul continuam a se defrontar neste início do século XXI.

O fim da Guerra Fria gerou um sentimento de grande otimismo. Havia a esperança de uma convergência geral dos sistemas políticos e econômicos entãoexistentes no Mundo.

Muitos chegaram a acreditar que os benefícios da globalização seriam amplamente compartilhados por ricos e pobres.As forças do mercado - por si mesmas - eliminariam os males da modernidade.

Infelizmente, hoje podemos afirmar que tal quadro não se confirmou.Os países em desenvolvimento dedicaram-se a ordenar suas economias e a construir instituições democráticas.

Convivem contudo com os mesmos desafios: pobreza e fome; exclusão social; degradação ambiental e mudanças climáticas, conflitos internos e violações dos direitos humanos e poucos avanços no sentido do desarmamento.

De maneira vigorosa e consistente, o Brasil tem afirmado que a resposta a muitos desses males deve ser encontrada em um nível superior de concertação global; em outras palavras, em instituições multilaterais mais vigorosas.

Neste sentido, a reforma das Nações Unidas e o empenho na obtenção de resultados expressivos na Rodada Doha são balizadores importantes para a construção de maior transparência e credibilidade na tomada de decisões que afetam a comunidade internacional - e mais diretamente os países em desenvolvimento.

Por outro lado, os mecanismos inovadores concebidos para ajudar a financiar a guerra global contra a pobreza e a fome dão-nos a esperança de que as Metas de Desenvolvimento do Milênio possam ainda ser alcançadas.

Não é possível, contudo, avançar nesta ambiciosa agenda sem reavivar o espírito da Conferência de Bandung, de 1955.

A Segunda Cúpula do Sul, realizada no Catar, no ano passado, manifestou-se de maneira inequívoca: os países em desenvolvimento devemos novamente dar-nos as mãos para explorar o extraordinário potencial de complementaridade e sinergia que existe entre nossos povos e economias.

Naturalmente, neste contexto, cabe à ciência e à tecnologia papel particularmente importante. Em muitos campos estratégicos, os países do Sul gozam de grandes vantagens oferecidas pela biodiversidade, pelo clima e por salários competitivos.

Lembro aqui apenas alguns setores cruciais em que cientistas de nossos países, jovens e entusiastas, estão conduzindo pesquisas: fontes alternativas de energia renovável; tecnologia da informação e diversidade genética.

Nestas e em outras áreas estratégicas teríamos que compartilhar recursos e transferir conhecimentos. Em ciência, tal como na política, somos fortalecidos pela unidade de propósitos.

O Brasil está à procura de parceiros interessados em fazer da ciência e da tecnologia uma alavanca para o desenvolvimento da capacidade que a economia baseada no conhecimento exige.

Com este objetivo, meu Governo dá a ciência e tecnologia a mais alta prioridade. Assim é que ampliamos, substancialmente, os recursos orçamentários tanto para as ciências básicas como para as aplicadas, por estarmos convencidos de que pesquisa, desenvolvimento e inovação estão no centro de qualquer política pública industrial e tecnológica realmente efetiva.

Nenhum desses objetivos, no entanto, pode ser alcançado sem investir solidamente na formação das futuras gerações de pesquisadores. É por esta razão que entre as medidas tomadas por meu Governo está, também, a implantação de novas Universidades federais.

Esta é a idéia fundamental que agora desejo apresentar-lhes. Que esta oportunidade seja de reafirmação de nosso compromisso com a cooperação Sul-Sul.

Ela é instrumento poderoso na conformação de um mundo que respeite sua diversidade e tenha consciência de sua unidade fundamental.

Nesta reunião devemos explorar juntos as infinitas possibilidades de orientar nossas realizações e propósitos comuns para o grande objetivo do desenvolvimento humano sustentável para todos Nossa crescente capacidade técnica e financeira habilita-nos a aceitar o desafio. As necessidades e aspirações de nossos povos assim o exigem.

Desejo, ao terminar, fazer chegar minhas cordiais saudações e melhores votos a todos os membros da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento; aos Ministros de Estado aqui presentes e a todos os delegados a esta conferência.

Muito obrigado."


Data: 06/09/2006