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Isenção necessária

Aumentar o debate científico e diminuir as discussões ideológicas são caminhos fundamentais para a CTNBio, diz Horácio Schneider, da UFPA, que renunciou à vice-presidência do órgão federal

Horácio Schneider, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), é conhecido pela comunidade científica por pesquisas com a genética dos macacos da Amazônia.

Recentemente, Schneider chamou atenção por outro motivo: a renúncia ao cargo de vice-presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Em Foz do Iguaçu, durante o 52º Congresso Brasileiro de Genética, o pesquisador falou sobre o assunto.

"Primeiro, é importante dizer que estimo demais o trabalho de todos os colegas que estão na CTNBio e que tentam fazê-la funcionar. Sou a favor da comissão e acho que ela precisa continuar existindo", disse à Agência Fapesp.

Mas, segundo Schneider, o que falta nas reuniões do órgão são debates "mais desprovidos de idéias pré-concebidas".

Para o professor da UFPA, uma das primeiras providências que precisam ser tomadas é uma definição clara de qual princípio da precaução será levado em consideração pela CTNBio.

"O risco zero, por exemplo, não existe. Não sou a favor do desenvolvimento a qualquer preço, muito pelo contrário, mas é preciso que sejam definidas algumas coisas. O risco é inerente à vida", disse.

Para que a CTNBio tenha razão de ser, segundo Schneider, é importante haver mais discussões científicas feitas por especialistas isentos. "Aqueles que são 100% a favor dos organismos geneticamente modificados ou 100% contra não deveriam participar", disse.

Ao citar o guia para a aplicação do chamado Princípio da Precaução, elaborado pela União Européia em 2002, Schneider lembrou que uma das recomendações era não desenvolver uma visão discriminatória.

"A plantação de tabaco para o cigarro é absolutamente perigosa. Por que as regras nesse caso são até mais benevolentes do que para os organismos geneticamente modificados?", disse.


Data: 06/09/2006