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Número de espécies ameaçadas cresce 46%

IBGE lança mapa com hábitats de pássaros sob risco; situação é mais crítica na mata atlântica

Um dia, a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus) já deslumbrou moradores do Sul do país e do Mato Grosso do Sul. Assim como o maçarico-esquimó (Numenius borealis), encontrado em São Paulo, Amazonas e Mato Grosso. As duas, porém, hoje estão extintas e não podem ser encontradas sequer em cativeiro.

Destino semelhante pode se repetir com outras 157 espécies, listadas no mapa de aves em risco de desaparecer, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando o ambiente que elas habitam, a situação é mais crítica na região da mata atlântica, hoje reduzida a 7,5% de sua cobertura original.

O mapa mostra que houve um aumento de 46% no número de espécies em risco comparando a lista elaborada em 1989 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com o levantamento do IBGE, concluído em 2003 e agora atualizado.

Responsável pela área de fauna do IBGE e autora do mapa, a bióloga Lícia Leone Couto atribuiu o agravamento da situação a problemas como o comércio ilegal e o desmatamento. Por isso, aves com plumagem exuberante, como as araras, são particularmente afetadas.

A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), por exemplo, antes encontrada na Bahia, no Maranhão, Pernambuco, Piauí e Tocantins, hoje está restrita aos cativeiros. Uma limitação que também atinge o mutum-de-Alagoas (Mitu mitu).

"Se olharmos o mapa, vamos ver que na região Norte a situação não é tão crítica quanto no litoral brasileiro, onde há muito desmatamento para dar lugar à especulação imobiliária", observou, ressaltando a seriedade do problema na mata atlântica.

No Estado de São Paulo, por exemplo, há 41 espécies ameaçadas de extinção, entre elas, a jacutinga (Pipile jacutinga), o tico-tico-do-campo (Coryphaspiza melanotis), o pica-pau-de-cara-amarela (Drycopus galeatus) e a arara-azul-grande (Anodorhynchus hyancinthinus). No Rio, são 39.

Segundo Lícia, quantitativamente as aves estão em uma situação mais delicada do que grande parte da fauna brasileira. O número de mamíferos em risco, por exemplo, subiu 3%, passando de 67 para 69.


Data: 06/09/2006