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Ciência na sala de aula

Programa da UFMG estimula interesse de professores e alunos dos ensino médio e fundamental pela investigação científica

Em 2003, professores e alunos do ensino médio e fundamental da Região Metropolitana de Belo Horizonte incluíram um elemento novo em suas aulas de ciências: a curiosidade investigativa.

Três anos depois, avaliações começam a revelar as mudanças ocorridas na estrutura das escolas que aderiram à novidade e no próprio perfil dos estudantes.

O projeto UFMG e escolas - educando para a ciência no ensino médio e fundamental baseia-se na realização de experimentos em laboratório para estimular o interesse pelo universo científico sem a preocupação de encontrar respostas definitivas.

"Não é um curso de atualização de conteúdo. O objetivo é mostrar na prática a produção do conhecimento e desmitificar a ciência como uma entidade inatingível", explica o professor Paulo Sérgio Lacerda Beirão, coordenador do projeto.

Com esse objetivo, professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) empenham-se em três ações: visitam escolas públicas e privadas, oferecem cursos gratuitos para estudantes nos períodos de férias e selecionam, entre os alunos do curso, estagiários para os laboratórios da Unidade, com bolsa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

As atividades são ministradas no ICB por estudantes de graduação e pós-graduação, em sua maioria da área de Ciências Biológicas.

Repeteco

De acordo com o coordenador, a iniciativa recebe cerca de 200 inscrições a cada semestre, das quais 40 são selecionadas a partir de breve texto dos candidatos sobre as expectativas em relação ao curso. O número de interessados é um dos indicadores do sucesso do programa.

"Muitas pessoas fazem o curso novamente - já que os temas são anuais -, indicam colegas e contam o que mudou na vida acadêmica delas. É gratificante", diz Beirão.

A maioria das pessoas que buscam repetir o curso são professores. "Em discussões com esses educadores, verificamos que o problema não é a falta de laboratório nas escolas, mas suas condições de uso. A carga horária pequena, as turmas grandes e a pressão por aulas teóricas são obstáculos para aulas práticas", explica.

As avaliações por questionário após a realização do curso mostram, de forma específica, qual a visão de cada um dos participantes sobre a experiência.

Os formulários comprovam mudança de mentalidade e a valorização do pensamento científico no aprendizado escolar. Para verificar o impacto das atividades e das visitas dos professores do ICB, as escolas são revisitadas esporadicamente.

Há ainda outra forma de avaliação. Especialistas brasileiros e internacionais selecionados pelo grupo nacional do programa, com base em relatórios e reuniões, analisaram o desempenho das universidades federais que integram o projeto.

No evento deste ano, as atividades da UFMG receberam parecer positivo, com ressalva apenas quanto à escala de participantes.

Limitações

Passaram pelos cursos cerca de 260 alunos, vindos de mais de 50 instituições de ensino, mas a equipe do ICB gostaria que o atendimento fosse maior.

"É penoso excluir tanta gente disposta a sacrificar as férias por interesse em aprender, mas não podemos aumentar nossa oferta, em função do número de pessoas da equipe e do espaço físico que temos", lamenta Beirão, ao lembrar que a iniciativa de se inscrever é dos professores e não das escolas.

Em alguns casos, lembra o professor, a participação nos cursos exige uma boa dose de esforço. Exemplo disso foi dado por seis estudantes de Juatuba, que se instalaram no departamento de Bioquímica e Imunologia, para ter aulas por uma semana, durante todo o dia.

A Fundação Mendes Pimentel (Fump) permitiu que o grupo utilizasse o restaurante universitário a preço de custo, e a equipe de professores do ICB conseguiu recursos para o custeio das passagens.


Data: 01/09/2006