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Grupo quer regras mais éticas para discutir corte de emissão

A idéia do grupo é incluir nas negociações internacionais sobre o aquecimento global noções de igualdade e justiça que geralmente são ofuscadas por argumentos econômicos

Um grupo de especialistas se reúne até hoje no Rio de Janeiro para debater um tema aparentemente transcendental: como o mundo pode agir de maneira ética em relação à mudança climática.

A idéia do grupo é incluir nas negociações internacionais sobre o aquecimento global noções de igualdade e justiça que geralmente são ofuscadas por argumentos econômicos.

Um exemplo é a responsabilidade por desastres naturais, que tendem a aumentar com a mudança climática e a afetar mais os países pobres (que emitem pouco gás carbônico e, portanto, são menos responsáveis pelo aquecimento) que os ricos.

Quem paga pelo afundamento das nações-ilhas do Pacífico ou pelas secas na África e no Nordeste brasileiro?

Ironicamente, a discussão vem sendo liderada por alguém que até poucos anos atrás representava justamente o país mais antiético do debate climático: Donald Brown, ex-subsecretário de Estado dos EUA e negociador-chefe do governo Bill Clinton na Convenção do Clima das Nações Unidas na época em que os EUA assinaram (mas nunca chegaram a ratificar) o Protocolo de Kyoto, em 1998.

Brown, hoje professor da Universidade da Pensilvânia, diz que o objetivo da reunião é produzir um documento, a ser discutido no próximo encontro da Convenção do Clima, em Nairóbi (Quênia), que lance princípios éticos para as negociações.

Eles visam evitar que países como os EUA atuem em discussões como a do Protocolo de Kyoto com base em argumentos como o custo para a economia de uma única nação, como a administração George W. Bush fez ao rejeitar o tratado, em 2001.

"A idéia é restringir a gama de argumentos aceitáveis", afirmou. "Muitas vezes a legislação internacional é baseada em princípios éticos, e, como ex-negociador, acredito que bons negociadores prestam atenção ao que é justo e o que é certo".


Data: 31/08/2006