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Horta com tecnologia rende mais

Para elevar a produtividade e ganhar na produção em escala, produtor tem de investir

Nos últimos seis anos, o horticultor Júlio Luis Marangoni, de Mogi-Mirim (SP), triplicou a área plantada, passando de 4 para 12 hectares. Só a produção de alface, a principal cultura do sítio, subiu de 6 mil para 20 mil pés/semana.

Para dar conta do crescimento, investiu em máquinas, implementos, sementes certificadas, variedades e há alguns meses começou a embalar os produtos.

"Hoje, para ter lucro nesta atividade, em que o produto tem valor muito baixo e é altamente perecível, é fundamental investir em tecnologia", diz o produtor, que planta ainda chicória, almeirão, couve, rúcula e agrião.

Os números do setor comprovam que os horticultores estão cada vez mais tecnificados. De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Hortaliças do Estado de São Paulo, Thomas Nitzsche, nos últimos 20 anos a produção de hortaliças dobrou no País, e a área plantada diminuiu.

"Isso só foi possível por causa da adoção de tecnologia", diz. As tecnologias vão desde sementes certificadas até variedades mais produtivas e resistentes a pragas e doenças, passando pelo uso de estufas, hidroponia e manejo diferenciado.

Necessidade

Para Nitzsche, o uso de tecnologia é uma necessidade para o horticultor continuar na atividade. "A rentabilidade vem caindo, e só consegue sobreviver quem está tecnificado".

Segundo dados da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem), no País são cerca de 1 milhão de horticultores, que consomem R$ 230 milhões em sementes.

Outro ponto importante na cadeia de hortaliças, diz Nitzsche, é a comercialização, que, segundo ele, precisa ser mais eficiente, para agregar valor à cadeia. A entrada de grandes redes de supermercados e fast-foods, que compram direto dos produtores, é um exemplo.

Marangoni trabalha há 25 anos com horticultura. "Antes era meeiro. Só há seis anos passei a ser proprietário da terra. Foi a partir daí que comecei a investir em tecnologia".

Além de aumentar a produtividade do sítio, o produtor diz que investir para garantir a qualidade dos produtos é essencial, porque os consumidores estão cada vez mais exigentes.

O primeiro investimento, conta o produtor, foi em maquinário. Hoje, já são três tratores; uma canteiradeira - antes levantava o canteiro na enxada -; pulverizadores; concha carregadeira; rotativa e, mais recentemente, uma esparramadeira.

"Reduzi a mão-de-obra e aumentei a produção. Se não modernizasse, não teria condições de aumentar a área plantada".

Estufa

O produtor também produz suas mudas em estufa para depois transplantá-las no campo. "Isso melhora a eficiência da planta", diz. Recentemente, Marangoni interessou-se por uma plantadeira de mudas de alface, o que iria diminuir a mão-de-obra e o tempo de plantio.

A máquina planta 10 mil pés por hora e precisa de três funcionários. "Em duas horas a máquina planta minha produção da semana toda. É um trabalho do qual necessito de dez funcionários, o dia todo", diz.

O mais recente investimento de Marangoni foi na embalagem das hortaliças. "Além de agregar valor ao produto, a embalagem aumenta o tempo de prateleira, reduz o contato com o produto, melhorando a higiene, e ainda reduz as perdas em 15%", diz o produtor.

A venda para os supermercados é feita por consignação. "O que estraga o supermercado não paga", explica. "Daí a importância da embalagem".


Data: 30/08/2006