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Aprovada vacina contra câncer de útero

Anvisa dá aval a Gardasil, que combate 4 tipos de papilomavírus (HPV) e será vendida em outubro na rede privada

Em outubro, a primeira e única vacina aprovada contra o papilomavírus humano (HPV), responsável por 70% dos casos de câncer de colo do útero, chegará à rede privada de saúde do País - clínicas, laboratórios e hospitais.

A Gardasil, do laboratório Merck Sharp & Dohme, acaba de receber o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A vacina combate quatro tipos de HPV - aqueles que respondem pelos casos de câncer de útero (tipos 16 e 18) e responsáveis por 90% das verrugas genitais (tipos 6 e 11).

A Gardasil é indicada para mulheres de 9 a 26 anos de idade não infectadas. A aplicação é feita em três doses - a segunda é dada dois meses depois da primeira e a terceira, após seis meses da dose inicial.

O laboratório ainda não definiu valores. "Nas próximas semanas, saberemos preço e quantidade de doses que virão para o Brasil", diz João Sanches, diretor de Comunicação da Merck. Nos Estados Unidos, onde foi aprovada em junho pelo FDA, órgão regulador de remédios do país, cada dose da Gardasil custa US$ 120.

A esse preço, a chance de o produto entrar na rede pública é nula. "Estamos conversando com mais de um laboratório (a GlaxoSmithKline tem a vacina em fase de teste clínico).

Hoje (ontem), tive uma reunião com eles, mas, por enquanto, não há possibilidade", diz Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. "Vamos avaliar a relação custo e efetividade e, então, sugerir um preço razoável".

O tempo de imunização da Gardasil é de cinco anos. O prazo também é questionado pelo governo federal. "A duração da imunização ainda é muito pequena para que se pense em incluir no calendário oficial", continua Barbosa. A ampliação da cobertura da vacina e sua eficácia em mulheres com mais de 27 anos estão em fase de estudo.

Sem sintomas

A vacina tem efeitos colaterais, mas são poucos. Durante as pesquisas, 85% das voluntárias relataram sentir dor de cabeça, febrícula e inchaço no local da aplicação.

Os sintomas são do hidróxido de alumínio, um composto adicionado a algumas vacinas para turbinar o sistema imunológico.

O HPV é transmitido pelo contato sexual. Não precisa ter penetração para haver contaminação.

Ela pode ocorrer em qualquer tipo de contato com a área genital, mesmo o oral ou por manuseio - os homens atuam como vetores da doença na transmissão do câncer de colo do útero.

Na maioria das vezes a infecção não tem sintomas. Algumas mulheres sentem coceira, têm corrimento ou dor durante a relação sexual. O HPV pode ser detectado pelo papanicolau, exame ginecológico que checa alterações nas células do colo do útero.

O teste da vacina envolveu 25 mil mulheres. O Brasil teve participação importante. Na fase 2 dos estudos clínicos, a cientista Luisa Villa, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo, foi a única da América Latina a participar do trabalho.

Só neste ano, serão 19.260 novos casos de câncer de colo do útero no País, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O Instituto Butantã, em São Paulo, também desenvolve a vacina, mas os estudos ainda estão no início.


Data: 29/08/2006