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Articulações instáveis entre os níveis estadual e federal em CT&I

Descompasso entre ações federais e estaduais é discutido por representantes da Confap e Consecti no Seminário sobre Políticas Públicas Estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação

Em uma década, o sistema de ciência, tecnologia e inovação brasileiro passou por muitas mudanças, a maior parte classificada como positiva. Entre novas legislações e muitas ações pró-ativas, a falta de uma articulação duradoura entre estados e União é sempre debatida e muito sentida também pela comunidade voltada para a geração e a aplicação do conhecimento.

"A melhora foi muito grande. O que ainda falta é algo realmente sistêmico. Muitas vezes, o que vemos são apenas ações pulverizadas", explica Jorge Bounassar Filho, presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), à Agência Fapesp.

Bounassar Filho participou, na sexta-feira (25/8), do 1º Seminário sobre Políticas Públicas Estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação. Realizado na sede da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico de São Paulo, o encontro contou também com a participação dos representantes do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti).

Para o presidente da Confap, mesmo com os vários entraves ainda existentes em todo o país, a criação de uma cultura voltada para o estabelecimento de uma articulação maior entre estados e União mostra ter uma importância grande. "Avançamos bastante. As próprias esferas federais também já perceberam a vitalidade dessas relações. Algumas, ainda, um pouco mais que as outras", disse.

A falta de sintonia entre partes do mesmo sistema também foi discutida na apresentação feita por Carlos Américo Pacheco. O professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) compareceu ao seminário como um dos palestrantes do dia.

"Apesar de todos os problemas, a institucionalidade obsoleta que temos é, na minha opinião, um dos mais graves", disse. Segundo Pacheco, mesmo com avanços localizados, muitas das instituições brasileiras do setor de ciência, tecnologia e inovação carecem de uma melhor coordenação. "Faltam metas, documentos e planos. Dessa forma é muito complicado avaliar qualquer tipo de política", disse.

Para Maria Helena Guimarães, secretária de C&T e Desenvolvimento Econômico do Estado de SP, a palavra divórcio também pode ser usada para retratar outra situação bastante vivenciada por ela. "Outra articulação que precisa ser mais bem estabelecida é aquela que vai ligar o sistema de C&T ao da educação", disse a também professora da Unicamp.

Além de anfitriã, Maria Helena participou da mesa de abertura do evento, que contou com a participação de Ricardo Renzo Brentani, diretor-presidente da Fapesp.


Data: 28/08/2006