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Graduação que exige muita leitura e é própria para quem deseja entender e transformar a sociedade

Os atrativos das Ciências Sociais no mundo de hoje

Um curso para quem quer entender a sociedade em que vive e transformá-la em algo melhor. Para quem deseja trabalhar com políticas públicas, em órgãos governamentais ou em ONGs.

Ou para quem quer seguir carreira acadêmica na universidade, ou ainda dar aulas em escolas e faculdades. Este é o curso de ciências sociais, que forma sociólogos, antropólogos ou cientistas políticos.

A graduação já foi associada ao movimento estudantil e às lutas políticas, mas isso foi mudando com o passar dos anos.

"Conforme voltamos no tempo, percebemos que o aluno de Ciências Sociais buscava mais o curso como um instrumento de luta política. A cada década que se avança, essa tendência diminui. Os alunos de hoje são pragmáticos e buscam uma boa colocação profissional", explica Amâncio Jorge de Oliveira, professor do departamento de ciência política da FFLCH/ USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas).

Na USP, os dois primeiros anos do curso tratam do ciclo básico da carreira. São quatro módulos de sociologia, antropologia e política. A carga de leitura é alta, e direto na fonte. "Não usamos manuais ou resumos. Os estudantes lêem as obras clássicas de Maquiavel, Marx, Rosseau, Lévi-Strauss e assim por diante", diz Oliveira.

Depois, são mais dois anos em que os alunos escolhem as matérias que desejam, buscando a especialização em uma das três sub-áreas das ciências sociais. Política externa brasileira, raças do Brasil e sociologia da violência são exemplos de disciplinas do curso.

Opções do mercado

O graduado em ciências sociais pode ir para a área pública, prestando concursos para trabalhar em secretarias, ministérios e entidades governamentais, onde irá participar da criação de programas sociais e de desenvolvimento.

O campo de trabalho inclui os institutos de pesquisa, onde o cientista social ajuda a formular levantamentos que desvendem conjunturas e necessidades de grupos socioeconômicos ou populações.

Na mesma área, há as pesquisas de marketing, realizadas por institutos que tentam descobrir as vontades dos consumidores. Além disso, existe a carreira acadêmica e a docência.

A mestranda Bárbara Garcia Ribeiro, por exemplo, está no caminho da pesquisa universitária. Ela ingressou na USP em 2000 e direcionou seu curso para a sociologia.

Agora, faz mestrado com a dissertação "A Violência Doméstica Contra Mulheres das Classes Médias de São Paulo e a Sua Relação com os Valores Sociais Presentes em Suas Famílias".

"Fiz estágio em uma ONG de estudos feministas. Lá, desenvolvi projetos sobre a violência contra a mulher no Brasil. Pude ver que existe uma falha de pesquisa na violência contra a mulher de classe média", explica Bárbara, que recebe uma bolsa da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) de R$ 855.

O dinheiro é suficiente? "Consigo pagar minhas contas, mas vivo apertada".

Bolsa

Além da Capes, é possível obter financiamento na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), cuja bolsa é de R$ 1.200. A tarefa não é fácil. "Da minha classe de 120 alunos, só três conseguiram [a bolsa da Fapesp".

Enquanto estudava, Bárbara deu aulas de inglês para se sustentar, estagiou na ONG e fez iniciação científica em dois núcleos da USP. Seu objetivo é obter o mestrado, seguir pesquisando e começar a dar aulas.

Trilhando outro caminho, Maria Carolina Jordão, 23, fez ciências sociais na USP, onde se formou no ano passado, com a faculdade de direito na PUC, que termina neste ano.

Seu objetivo é prestar concurso público, de preferência para o Instituto Rio Branco, para ser diplomata. "Não tenho vocação para a vida acadêmica. Fiz sociais porque é um curso que todos deveriam fazer. Ele te dá consciência do mundo em que vive, permite que você possa se posicionar politicamente", afirma.

Para os futuros universitários, ela dá algumas dicas. "Conheçam logo os professores e suas linhas de pesquisa. É importante pegar bolsas de iniciação científica logo cedo, para ganhar intimidade e conseguir o mestrado depois".


Data: 22/08/2006