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Ampliação do Laboratório Nacional de Astrofísica inclui o Brasil no mercado internacional de instrumentação astronômica

Novo prédio abrigará Laboratório de Metrologia Ótica, nova área de investimento da astronomia

Com investimentos da ordem de R$ 2 milhões, o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) inaugura nesta sexta-feira, dia 18, em Itajubá, no Sul de Minas Gerais, o prédio que abriga laboratórios e oficinas para desenvolvimento instrumental e área de integração e testes, além de um laboratório de metrologia ótica.

O empreendimento é a porta de entrada do Brasil para o mercado internacional de instrumentação astronômica, segundo o diretor do LNA, Albert Bruch.

Com o novo prédio, que está recebendo equipamento laboratorial de última geração, o LNA amplia suas condições de projetar, fabricar e realizar medições em instrumentos utilizados em telescópios, proporcionando ao Brasil capacidade de concorrer com renomados centros de tecnologia astronômica de outros países.

O LNA já tem capacidade para fabricação de pequenos instrumentos, utilizando tecnologia de fibras óticas, mas o processo acontecia em condições precárias. Agora, o laboratório e a oficina de ótica foram transferidos do Observatório do Pico dos Dias (OPD), em Brazópolis, no Sul de Minas, para o novo prédio, na sede do LNA. O OPD abriga o maior telescópio em solo brasileiro e é gerenciado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica.

Os espectrógrafos SIFS e Steles, por exemplo, utilizados no telescópio SOAR, no Chile, (cuja participação brasileira também é gerenciada pelo LNA), já estão sendo desenvolvidos em Itajubá em parceria com diversas outras instituições brasileiras, mas com grande participação de fornecedores terceirizados.

"Nós estamos nos qualificando para produzir instrumentação de classe mundial, com a mesma qualidade, podendo competir com outros países, como já começou a ocorrer", afirmou o diretor substituto do LNA Clemens Darvin Gneiding, referindo-se à licitação internacional de uma Universidade na Inglaterra, ganha pelo LNA, para construção de uma Unidade de Campo Integral (IFU), para o espectrógrafo Frodospec, utilizando tecnologia desenvolvida no Laboratório e na Oficina de Fibras Ópticas do LNA.

Uma das novas oficinas do LNA é o centro de usinagem de precisão, para construção de componentes mecânicos para a instrumentação astronômica.

O novo prédio também abriga, em condições mais adequadas e integradas aos demais laboratórios, o Laboratório de Automação e Controle, segundo o diretor substituto.

Outra área da ampliação do Laboratório, ainda não equipada, será destinada à integração e testes de instrumentos astronômicos. Estes utilizam tecnologia avançada de várias áreas do conhecimento como mecânica fina, ótica de alta precisão e controle especializado.

Na área de integração e testes, os instrumentos serão integrados, alinhados e testados em condições semelhantes às que encontrarão quando instalados no telescópio. Somente depois deste processo de qualificação, o instrumento estará pronto para ser instalado no telescópio.

Laboratório de Metrologia Ótica

O LNA está implantando - e aguarda a entrega dos equipamentos - um Laboratório de Metrologia Ótica, uma nova área de capacidades e competências, que vai ser capaz de prestar serviços qualificados de metrologia óptica de alta precisão.

"O núcleo da instrumentação astronômica é a ótica de alta precisão, que infelizmente ainda não é produzida pela indústria nacional, sendo em grande parte importada. Esta nova infra-estrutura está criando as condições necessárias para a qualificação dos componentes ópticos adquiridos da indústria nacional e internacional, permitindo ainda o seu alinhamento preciso nos instrumentos em desenvolvimento e em operação, o que resulta em mais eficiência na coleta de dados astronômicos", afirmou Clemens Gneiding.

O Laboratório de Metrologia preencherá esta lacuna, atendendo à demanda da instrumentação astronômica brasileira, com previsão de abertura para terceiros.

Faz parte do Plano Diretor do LNA formalizar, ainda este ano, parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro e disponibilizar, a partir de 2010, a infra-estrutura da metrologia ótica para terceiros, inclusive para a área industrial.

A construção do prédio foi realizada com recursos do CT-Infra/Finep. A infra-estrutura de oficinas e laboratórios, com investimentos do próprio LNA, do Instituto do Milênio Megalit e do CT-Infra/Finep.

Projeto do Observatório Virtual está sendo desenvolvido no LNA e terá dados do OPD e do Soar

O Diretor do LNA, Albert Bruch, anunciou que, durante a cerimônia de inauguração do novo prédio de laboratórios do LNA, será criado o Observatório Virtual Brasileiro através da assinatura de uma Declaração de Intenções pelos Diretores ou representantes de seis instituições federais e a Sociedade Astronômica Brasileira, sobre a coordenação das atividades desenvolvidas nas diversas instituições referentes ao Observatório Virtual.

O LNA, juntamente com outras unidades de pesquisa, está desenvolvendo o projeto de Observatório Virtual (OV) no Brasil.

O OV é um empreendimento mundial que poderia ser comparado a um banco de dados "gigante" e descentralizado, que reúne todos os dados dos telescópios em terra e no espaço num único ambiente, na Internet. Porém, o OV é mais do que isso e reúne apuradas técnicas de padronização, armazenamento, gerenciamento, processamento e cruzamento das informações nele contidas.

A forma transparente e descentralizada das informações astronômicas possibilita que qualquer pesquisador esteja onde estiver, realize suas pesquisas. A plena participação do Brasil no OV está prevista para meados de 2007.

Segundo o bolsista de pós-doutorado e um dos responsáveis pelo projeto do Observatório Virtual, Iranderly Fernandes de Fernandes, o OV é um meio rápido e de baixo custo para se realizar pesquisas astronômicas.

Os astrônomos, tão logo definam a linha de pesquisa que desejam, têm, com o OV, acesso imediato a uma larga faixa espectral que vai do Rádio ao Raio-X para os objetos astronômicos estudados.

"A única coisa que o pesquisador vai fazer é imaginar o que quer com aquele dado. No momento que ele souber o que quer, entra, procura e os dados vêm para ele", explica o membro do projeto.

Países com forte tradição astronômica como os EUA e a Alemanha já têm os dados de seus telescópios no Observatório Virtual. O Brasil poderá colaborar de diversas maneiras com o desenvolvimento do OV.

A grande contribuição do LNA será a disponibilização dos dados do Observatório do Pico dos Dias (OPD), em Brazópolis, e do Soar (um Observatório internacional com forte participação brasileira, localizado no Chile).

Todos os dados que já foram observados nos telescópios estão, atualmente, em formatos não compatíveis aos utilizados no OV.

A fase atual do projeto no LNA é a de padronização desses dados com base nas determinações da Aliança do Observatório Virtual, que reúne os países interessados no projeto.

Através disso e de projetos desenvolvidos em outras instituições, o Brasil dá o primeiro passo para se tornar um membro atuante em conjunto com os demais países da Aliança.

"Vamos padronizar, distribuir e usar o melhor da Internet para fazer com que esses dados cheguem até o pesquisador", conclui Iranderly Fernandes.

O LNA, segundo ele, está ouvindo a comunidade astronômica brasileira para saber quais são as suas necessidades no que se refere ao OV e, com isso, pretende maximizar o investimento feito no projeto.

A mesma Tecnologia de Informação utilizada no OV pode ser empregada para outras áreas do conhecimento humano e pesquisa que necessitem da manipulação de grande volume de dados.

O domínio de tal tecnologia é importante para o desenvolvimento científico no Brasil.


Data: 17/08/2006