topo_cabecalho
Inovação tecnológica e exportações sustentam o emprego formal

Estudo do Ipea identifica minas de trabalho com carteira assinada e remuneração maior no Norte e Centro-Oeste

O mapa do emprego formal no Brasil aponta para quatro direções: indústrias que exportam bens continuamente, empresas que investem em inovações tecnológicas e os setores agrícola e comercial das Regiões Norte e Centro-Oeste.

Essas minas de trabalho com carteira assinada e remunerações mais elevadas foram identificadas no estudo "Brasil, o Estado de Uma Nação - Mercado de Trabalho, Emprego e Informalidade", coordenado pelo economista Paulo Tafner, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"Impulsionar as exportações e o investimento em inovação é um caminho natural para a geração de empregos no País, mais qualificados e melhor remunerados. É preciso seguir essa trilha para não perder o bonde da História", afirmou o presidente do Ipea, Luís Henrique Proença.

Divulgado ontem, o livro de 509 páginas trouxe uma radiografia do mercado de trabalho brasileiro entre 1992 e 2004 e contrariou a máxima que prevaleceu na formulação de tendências no início dos anos 90 - a de que a inovação provocaria, inevitavelmente, o desemprego e a redução da oferta de novos postos de trabalho.

O estudo igualmente identificou que o processo de internacionalização da economia brasileira, desde meados da década de 90, foi essencial na transformação do mercado de trabalho nos últimos anos.

Inovação e exploração contínua do mercado externo foram objetivos unidos, em geral, na estratégia das empresas e resultaram em elevação da competitividade. Na lógica da economia brasileira, como um todo, tornaram-se elementos de dinamismo e de crescimento do emprego.

Os desempenhos dos Estados das Regiões Norte e Centro-Oeste comprovaram essa tese, ao registrarem aumentos de 62% e de 60% no emprego formal, respectivamente, entre 1995 a 2004, enquanto o porcentual foi de apenas 18% na Região Sudeste.

No Norte e no Centro-Oeste, a expansão da fronteira agrícola, com recursos tecnológicos mais avançados e produção voltada ao mercado exterior, foi o elemento que impulsionou a contratação formal e que deu impulso a outra atividade, o comércio, também gerador de empregos com carteira assinada.

Inovação

Os dados da pesquisa mostraram que, em todo o Brasil, o conjunto das empresas inovadoras com mais de 500 funcionários aumentou em 29% a oferta de postos de trabalho, entre 2000 e 2004, e gerou 500 mil empregos.

Sete de cada grupo de dez indústrias com esse perfil investiram em tecnologia. As exportadoras contínuas empregaram um em cada grupo de dez trabalhadores com carteira assinada, criaram 400 mil novos postos de trabalho e ostentaram taxa de crescimento de empregos formais de 17,1% no período.

Esse desempenho, na área de trabalho, diferenciou sensivelmente as exportadoras das empresas que se restringiram ao mercado interno e mesmo daquelas que embarcaram mercadorias ao exterior esporadicamente.

As que não exportaram continuamente apresentaram uma taxa de 2,8% de aumento de empregos entre 2000 e 2004.

O estudo não ignora que a atividade exportadora, no período, foi beneficiada por uma conjuntura de expansão da demanda mundial e de preços mais elevados para as commodities.

De qualquer forma, as empresas exportadoras contínuas também pagaram salários 24,7% maiores que as não exportadoras para iguais funções. Em reais, enquanto um trabalhador em indústria não-exportadora ganhava R$ 10 por hora, o funcionário de uma exportadora recebia R$ 12,47.

Empresas que apostaram na inovação tecnológica, ressalta o estudo do Ipea, pagaram remunerações 12,07% superiores à da indústria, em geral.

Remuneração

Ao
segmentar as indústrias por origem de capital, o Ipea identificou que as campeãs em remuneração foram as multinacionais, com salários 38,3% maiores que os concedidos por empresas idênticas, de capital nacional.

Entretanto, o estudo não registrou a entrada de novas multinacionais entre 2000 e 2004, o que pode ter influído na taxa de crescimento do emprego nesse segmento de apenas 7,63%.

Embora menos expressivo, o aumento de postos deu-se contra a corrente da tendência da criação de empregos no Brasil nesse período, fomentada sobretudo pela abertura de novas plantas.


Data: 10/08/2006