topo_cabecalho
Aids monitorada

Fiocruz lança site com principais indicadores da síndrome em território nacional. Objetivo é entender a efetividade das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde e identificar falhas e problemas locais

O número de preservativos vendidos por ano em todo o país, os gastos anuais do governo federal para prevenção e assistência da Aids, as taxas de mortalidade infantil, o percentual da população urbana infectada com o vírus HIV e até o número de indivíduos indígenas vulneráveis a infecções sexualmente transmissíveis.

Todos esses indicadores podem agora ser consultados pela internet por qualquer interessado no assunto no Sistema Nacional de Monitoramento em Aids (MonitorAids), criado pelo Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

A ferramenta foi desenvolvida a partir do cruzamento de dados de sistemas de informações do Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde, e do Programa Global de Aids no Brasil, dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Características sobre o comportamento sexual dos brasileiros também estão disponíveis no sistema.

O site mostra, por exemplo, que enquanto 96% da população com idade entre 15 e 54 anos reconhece o uso do preservativo como forma de prevenção, apenas 38% dos indivíduos sexualmente ativos se protegem ou dizem ter se protegido durante as relações sexuais.

"Essas estatísticas servem não só para mensurar a efetividade das ações implementadas pelo programa nacional de combate à Aids, como também para subsidiar novas políticas de prevenção a infecções sexualmente transmissíveis", disse Célia Szwarcwald, coordenadora do site e pesquisadora do departamento de Informação em Saúde do Cict/Fiocruz, à Agência Fapesp.

Segundo ela, a divulgação pela internet desse tipo de informação é importante para fornecer a pesquisadores de todo o país e a parceiros do programa nacional os resultados das medidas que estão sendo tomadas pelo Ministério da Saúde.

"A partir do monitoramento dos indicadores nacionais, é possível entender geograficamente não apenas o comportamento da doença como identificar falhas e problemas locais relacionados com a prevenção", explica Célia.

O MonitorAids aponta que, em 1997, foram investidos pelo governo federal R$ 379 milhões para tratamento e prevenção da Aids. Em 1999 o valor chegou a R$ 1,1 bilhão. Em 2002, o ano mais recente divulgado pelo sistema, os recursos foram reduzidos para R$ 800 milhões.

O site apresenta ainda os números de 2002 referentes à transmissão vertical do vírus.

Apesar de 67% dos brasileiros demonstrarem saber corretamente os riscos de infecção pelo HIV durante a gravidez, a média de transmissão do vírus de mãe para filho é de 7%, variando entre as regiões do país: enquanto no Sul e Centro-Oeste essa taxa é de 6%, no Nordeste aumenta para 11%. No Norte, o índice é ainda maior: 15%.

"A transmissão vertical realmente preocupa. A cobertura dos testes de HIV e sífilis na gestação ainda não é completa em todo o país, mostrando desigualdades regionais e socioeconômicas importantes", alerta Célia.

MonitorAids: 157.86.8.37


Data: 02/08/2006