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Stephen Hawking ataca George W. Bush e defende pesquisas com embriões

O cientista mais famoso do mundo, que só consegue se comunicar com outras pessoas por meio de um computador e um sintetizador de voz, atacou o governo de George W. Bush e classificou de "reacionária" a restrição às pesquisas com células-tronco embrionárias nos EUA

O físico britânico Stephen Hawking, 64, autor de idéias revolucionárias sobre a história do Universo e a estrutura dos buracos negros, é portador de esclerose lateral amiotrófica, doença que afeta severamente o controle dos músculos e que há décadas o mantêm preso a uma cadeira de rodas.

Ele fez seus comentários às vésperas de uma votação na qual a União Européia poderia banir o financiamento à pesquisa com embriões humanos.

"A Europa não deve seguir a liderança reacionária do presidente Bush", disse ele por e-mail. "A pesquisa com células-tronco é a chave para o desenvolvimento de curas para doenças degenerativas como o mal de Parkinson e as moléstias que afetam os neurônios motores, das quais eu e muitas outras pessoas sofrem", declarou Hawking.

Ele hoje é professor da mesma cátedra da Universidade de Cambridge ocupada por Isaac Newton no século 17.

As células-tronco embrionárias são capazes de assumir a função de qualquer tecido do organismo, com grande potencial para reconstruir órgãos lesados. Mas, para obtê-las, é preciso destruir o embrião, o que muitos consideram igual a um assassinato.

"O fato de que as células vêm de embriões não é uma objeção, porque os embriões vão morrer de qualquer maneira", rebateu Hawking, referindo-se ao fato de que a intenção dos pesquisadores é usar os embriões que sobram das clínicas de fertilização.

"Em termos morais, é o equivalente de se usar o coração de uma vítima de um acidente de carro para um transplante." Hawking, porém, negou que estivesse argumentando em interesse próprio.

"Fico feliz que as pessoas agora estejam usando células-tronco para tratar doenças do neurônio motor, mas não estou prendendo minha respiração por causa disso", escreveu ele, lembrando que terapias viáveis com a técnica ainda estão distantes.

Nos EUA, um veto de Bush (o primeiro de sua carreira presidencial) deteve o financiamento federal das pesquisas. Na Europa, um acordo entre os países-membros permitiu que os fundos da UE fossem usados para isso.


Data: 31/07/2006