topo_cabecalho
Reunião Anual da SBPC: Brasil terá 20 atividades durante o Ano Polar Internacional

O ano, na verdade um biênio, será comemorado entre março de 2007 e março de 2009

O Ano Internacional Polar (AIP) será uma oportunidade única para a divulgação das pesquisas brasileiras, da importância da Antártica e do Programa Antártico Brasileiro (Proantar).

Essa é a opinião de um dos maiores especialistas brasileiro em glaciologia, o pesquisador da UFRGS Jefferson Cardia Simões.

O cientista proferiu a palestra "A Antártica e o Ano Polar Internacional: Ciência e cooperação internacional na última fronteira da Terra", na sexta-feira, da 58ª. Reunião Anual da SBPC.

Antes de falar da participação brasileira nas comemorações do AIP, o pesquisador mostrou a importância do continente gelado. "10% da Terra é coberta por gelo. O gelo que cobre a Antártica é suficiente pra cobrir com uma camada de três quilômetros de espessura o Brasil todo", explicou o cientista, concluindo que fica óbvia a importância do continente para o clima mundial.

Defendendo a pesquisa na Antártica, ele mostrou que os testemunhos de gelo foram importantes para se avaliar a questão do aumento de gases na atmosfera. "Nós só começamos a monitorar a concentração de gás carbônico e de metano na atmosfera depois de 1958. Com isso, os políticos e tomadores de decisão diziam que nós não tínhamos evidências. Com a pesquisa a análise de gelo, nós mostramos que o nível desses gases hoje é muito maior do que há mil anos".

Segundo as pesquisas, a concentração desses gases era de 280 partes por milhão. Hoje já estamos em 400 partes por milhão alertou ele. "Desde a Revolução Industrial, o gas carbônico aumentou 36% e o metano, 30%".

API - Justamente pela relevância das pesquisas e pela importância da Antártica, o pesquisador defende que o Ano Polar Internacional deve marcar uma virada.

Com os problemas climáticos cada vez mais intensos, o Ano Polar Internacional trará um tema crítico em um momento crítico, diz Simões. "Temos que aproveitar o ano para aumentar o entendimento das ligações Brasil-Antártica e ele será uma oportunidade única para divulgação da pesquisa do Proantar".

Ele pontua como metas do Ano Polar Internacional:

- Realizar um programa internacional de observações das regiões polares e uma pesquisa científica interdisciplinar

- Explorar novas fronteiras científicas

- Aprofundar o conhecimento dos processos polares e suas ligações globais

- Ampliar nossa habilidade de detectar mudanças ambientais

- Atrair e desenvolver a próxima geração de cientistas polares, engenheiros e experiência em logística

- Captar o interesse de alunos, do público e dos tomadores de decisão.

No Brasil - O comitê conjunto que organiza as atividades do ano, formado pelo Conselho Internacional para Ciências (ICSU) e Organização Meteorológica Mundial (WMO), recebeu cerca de 1200 propostas e aprovou 210. O Brasil participará de 20 atividades, muitas delas formadas por redes nacionais e internacionais, em parcerias com dezenas de países.

Segundo ele, o ano mobilizará mais de 50 mil participantes na organização dos eventos em mais de 60 países.

Alguns projetos brasileiros de pesquisa terão como foco o estudo da interação plataforma-talude antártico; o papel da circulação oceânica no clima antártico e conexões com a América do Sul; o estudo das química e física da alta atmosfera e a conexão com a América do Sul; o balanço de massa das geleiras da península Antártica e o impacto nos ecossistemas; o estudo de adaptações evolutivas dos peixes antárticos e o impacto das alterações ambientais.

O problema é que a demanda de recursos é alta. Segundo ele, precisaria-se de R$ 30 milhões nos próximos três anos para execução e montagem de infra-estrutura, mas o MCT liberou R$ 10,2 milhões para 2006-2007. Mas ele diz que os investimentos cresceram consideravelmente. "Há três anos nós éramos um dos países com orçamento mais modesto para as pesquisas", finalizou.


Data: 24/07/2006