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Leonor, 103 anos: 'Nunca é tarde para se alfabetizar'

Anjicos, cidade do Rio Grande do Norte que sediou a primeira experiência de alfabetização com o método de Paulo Freire nos anos 60, teve no último sábado outro motivo para se emocionar: a formatura de três mil alunos do curso de alfabetização de jovens e adultos do Mova Brasil, mantido pela Petrobrás e pelo Instituto Paulo Freire em mais de 20 municípios do estado. Seis mil pessoas prestigiaram o evento, que marcou o lançamento oficial do programa Brasil Alfabetizado 2005, do Ministério da Educação.

Dentre os formandos, estavam dona Leonor, de 103 anos, e Antônio Tavares, que aguarda julgamento por tráfico de drogas. Para Leonor (foto), sempre é tempo de se alfabetizar. "Nunca é tarde para a gente aprender a ler e escrever, né? Eu aprendi agora", disse, orgulhosa.

Antônio, que abandonou a escola aos 11 anos para trabalhar na roça com o pai, vê a alfabetização como oportunidade para uma vida melhor quando sair da prisão. "Aprender a ler é o melhor que a gente pode fazer. Melhora a mente", destacou, animado para entrar em uma turma de EJA. "Pode ser que, depois, a gente consiga um trabalho melhor. Espero que esse programa continue atendendo os presos".

Já está em fase final de elaboração um projeto de parceria entre os ministérios da Educação e da Justiça para que o Brasil Alfabetizado tenha turmas também no sistema prisional. O programa estimula o atendimento a segmentos socialmente excluídos, à população carcerária e a jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. O Brasil Alfabetizado pretende atender 2,2 milhões de brasileiros este ano. As aulas terão início este mês.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Educação, Fernando Haddad, participaram do evento. Lula falou da importância da alfabetização como primeiro passo para a inclusão social. "Estamos homenageando aqui pessoas que viviam na escuridão do analfabetismo e que hoje podem ver e compreender o mundo a sua volta".

O ministro, ao cumprimentar os formandos, falou da importância da continuidade dos estudos na educação de jovens e adultos (EJA) para a conclusão da educação básica. Falou também da recente transformação da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (Esam) na Universidade Federal do Semi-Árido, que vai permitir expansão das atividades, criação de cursos e contratação de professores e técnicos. Haddad anunciou também a criação de três escolas técnicas no estado, com cursos específicos para o apoio às atividades econômicas da região. (Iara Bentes)


Data: 06/09/2005