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Falta de verba federal atrasa projetos do CPqD

Problema também levou à demissão de funcionários

Nove dos 90 pesquisadores do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) que prestam serviços de pesquisa para a empresa Trópico Sistemas de Telecomunicações SA foram demitidos na semana passada. Segundo o presidente da empresa, Raul Del Fiol, as demissões são resultado de um processo de reestruturação e da falta de repasse de metade de R$ 74 milhões que a Trópico deveria receber do governo federal para financiamento de pesquisas.

A empresa, instalada na mesma área do CPqD, em joint venture com a Promon Tecnologia, desenvolve a tecnologia nacional de softswitches (equipamentos digitais de infra-estrutura das operadoras de telefonia) como a Central Trópico, um sistema telefônico de comutação digital de grande porte. Mas a joint venture não conseguiu competir com multinacionais do setor que têm padrão tecnológico mais avançado e competitividade de produção em escala.

Para tentar manter as pesquisas e a atuação no mercado, em 2003, as empresas da joint venture firmaram um acordo com o governo federal.

Devolveram a responsabilidade da manutenção dos pesquisadores da Central Tropical para o CPqD. Além disso receberam créditos dos R$ 74 milhões para serem repassados em três anos pelo Fundo para Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel). O dinheiro deveria ir para a manutenção e desenvolvimento do sistema.

Além de não receber todo o combinado, segundo Del Fiol, os repasses foram todos feitos com atrasos. "Isso causou reprogramações nos cronogramas e no desenvolvimento dos projetos de pesquisa", afirmou o presidente da empresa.

A tecnologia da Central Tropical, única no País, foi criada pelo CPqD e aprimorada pelo Centro até 1999, quando foi privatizado. Com a privatização o projeto foi transferido para a joint venture.

Ainda com dificuldades em concorrer com as multinacionais do setor, no ano passado a Trópico deixou de explorar o mercado de softswitches e passou a atuar no nicho específico de servidores de sinalização, que também operam como softswitches. "Nesse nicho específico a Trópico, hoje, está bem", disse o presidente da empresa, Raul Del Fiol.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (Sintpq), José Paulo Porsani, a demissão de nove pesquisadores pode parecer insignificante já que no centro trabalham em pesquisas aproximadamente 1,2 mil pessoas. "O CPqD perder pesquisadores é sempre ruim", disse o sindicalista.

Procurado na terça-feira e ontem, o Ministério das Comunicações, gestor do Funttel, informou, ontem à noite, por meio da assessoria de imprensa, que somente o CPqD pode explicar o que está acontecendo com a transferência da verba. No CPqD, a assessoria de imprensa informou que o diretor de Administração, Antônio Cláudio Salgado, só se pronunciará hoje sobre o assunto.


Data: 20/07/2006