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Reunião Anual da SBPC: Qual a importância da colaboração internacional para a pesquisa brasileira?

Para Eduardo Krieger, ela é fundamental, mas se desdobra em diversas questões que devem ser analisadas separadamente

O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Eduardo Krieger, proferiu nesta segunda-feira a palestra "Importância da Inserção Internacional da Ciência Brasileira". Um dos pontos debatidos na palestra foi qual a real importância da colaboração internacional para a pesquisa brasileira.

Krieger mostrou que o índice de impacto de artigos publicados por brasileiros em cooperação com pesquisadores de outros países é duas vezes maior do que quando há apenas brasileiros na autoria. "Claro, então, que é importante, mas não podemos ser dependentes da cooperação. Há países em que 60% das pesquisas são em colaboração. Esse exagero não pode."

O Brasil já há 15 anos mantém o nível de 30% das pesquisas em colaboração. "Com nosso esforço conseguimos que a nossa ciência crescesse".

Um parceiro elogiado por ele é a Argentina. Hoje, a pesquisa conjunta com nossos hermanos representa apenas 6% das nossas pesquisas em cooperação, muito pouco se comparada aos EUA, com 39%. Porém, Krieger explica que ela está crescendo e que é uma cooperação muito profícua e com bons resultados. Ele também diz que é normal, já que os Estados Unidos fazem muito mais pesquisa que qualquer outro país, que os brasileiros mantenham grande cooperação com os americanos.

Krieger defendeu, porém, que é necessário evitar assimetrias entre os grupos de cooperação. "As equipes devem ser de igual competência. Não adiante pesquisarmos com os Estados Unidos e só o grupo deles ter competência. Nosso grupo também deve pesquisar, não só seguir o que eles fazem", defendeu.

Outro ponto defendido por ele em relação à cooperação é que ela seja feita, sempre que possível, de forma multilateral. "Claro que uma pesquisa bilateral é importante. Temos que pesquisar com a Argentina? Claro, temos ótimas pesquisas conjuntas, mas é ainda melhor um projeto de cooperação com o Mercosul. É assim também com o bloco europeu."

Sobre o quadro geral brasileiro, o presidente bateu na tecla que tem sido a tônica dos discursos nesta Reunião Anual: "Nós fazemos bastante e boa ciência, mas na ciência não se compete, os países se auxiliam, mas na tecnologia não. Então é necessária a formação de uma capacidade nacional porque na hora do desenvolvimento da tecnologia há interesses econômicos envolvidos"

Para ele, os desafios a serem vencidos para que nossas pesquisas alcancem o nível internacional são:

- Aumentar a educação em todos os níveis.
- Aumentar a ligação Universidade-Empresa, mas ele pontuou que hoje há uma interação muito maior entre academia e setor produtivo e disse que os dois lados estão conscientes de que é preciso união.
- Aumentar o investimento em C&T, pios, segundo ele, hoje, em atividades exclusivas de C&T, o Brasil investe apenas 1% de seu PIB.
- Estimular a inovação no setor privado.


Data: 18/07/2006