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Corte no risco da Aids

Estudo aponta que circuncisão pode evitar mais de 2,7 milhões de mortes na África nas próximas duas décadas. OMS espera resultados de levantamentos em dois países para decidir se promove procedimento como estratégia de prevenção

Circuncisão como alternativa para evitar mortes por Aids. Um grupo internacional de pesquisadores acaba de publicar um estudo em que estima o impacto do procedimento na redução dos casos de homens infectados na África.

De acordo com o trabalho, publicado como artigo na PLoS Medicine de julho, se todos os homens na África subsaariana forem circuncidados nos próximos dez anos, cerca de 2 milhões de novas infecções e 300 mil mortes poderiam ser evitadas.

Após 20 anos, os pesquisadores calculam que o total de vidas salvas possa ser superior a 2,7 milhões.

O artigo tem como primeiro autor Brian Williams, da Organização Mundial da Saúde (OMS), na Suíça, e usa dados obtidos de outra pesquisa feita pelo mesmo grupo na África do Sul e divulgada no ano passado.

O estudo havia estimado que a circuncisão contribui para reduzir a transmissão do vírus HIV de mulheres para homens por contato sexual em 60%.

“A circuncisão é equivalente a uma intervenção, como vacina ou aumento no uso de preservativos”, escreveram os pesquisadores. A circuncisão é a retirada cirúrgica do prepúcio por razões higiênicas ou religiosas. Na África, tem sido praticada há séculos por diversos grupos étnicos africanos.

Apesar de a pele externa do prepúcio servir como proteção, a pele interna se desloca durante o ato sexual e entra em contato direto com a mucosa vaginal.

Essa área contém grande quantidade de células que são mais facilmente infectadas pelo HIV. Além disso, no homem não circuncidado, o frênulo (ou freio), que é altamente vascularizado, representa uma área particularmente suscetível a lesões e, conseqüentemente, a infecções.

Segundo os pesquisadores, países do continente africano como Somália e Costa do Marfim, onde a circuncisão é mais comum, têm menores taxas de infecção pelo HIV. Em locais onde menos homens são circuncidados, como a África do Sul, as taxas são maiores.

A OMS aguarda resultados de dois outros levantamentos, que serão feitos pelo mesmo grupo no ano que vem, no Quênia e em Uganda, para decidir se passa a promover ativamente a circuncisão como estratégia de prevenção da Aids.

Para os pesquisadores, parece não haver mais dúvidas. “Essa nova análise deixa claro que a circuncisão masculina teria um impacto imediato na transmissão do HIV”, afirmaram.

O artigo The potential impact of male circumcision on HIV in Sub-Saharan Africa, de Brian G. Williams e colegas, poderá ser lido gratuitamente pela internet na edição de julho da PLoS Medicine, disponível em breve no endereço http://www.plosmedicine.org.


Data: 12/07/2006