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Chip nacional deve chegar ao mercado em 2007

Em 2006, o MCT reservou R$ 88 milhões em seu orçamento para o Ceitec, mas ainda faltam R$ 30 milhões para a conclusão das obras e mais R$ 20 milhões para colocar os equipamentos em funcionamento

O Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), que está sendo construído em Porto Alegre com verbas do Ministério da C&T (MCT), já tem prazo fixado para colocar no mercado o primeiro circuito integrado desenvolvido e produzido no país.

O chip brasileiro deverá ficar pronto em agosto de 2007, mas a instituição ainda está negociando com o governo uma forma de garantir um fluxo estável de recursos para operar após a conclusão das obras físicas, a partir de março do ano que vem.

"Estamos tentando formatar uma forma de transferência de recursos que não seja por espasmos", disse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, nesta segunda-feira, durante visita ao Ceitec.

O Ceitec será especializado no desenho, prototipagem e produção em pequena escala dos circuitos integrados.

A preocupação é a mesma em relação aos outros quatro centros de design que estão sendo implantados em SP, Campinas, Recife e Manaus dentro do programa CI-Brasil, do MCT.

Segundo o diretor presidente do Ceitec, Sérgio Souza Dias, a construção do centro começou em abril de 2005, mas os primeiros equipamentos foram doados ainda em 2001 pela Motorola.

"O problema de interrupção orçamentária é uma situação que vivemos", afirmou. De acordo com ele, a partir do momento em que se iniciarem as obras da "sala limpa" (para produção dos protótipos e dos chips), por exemplo, o trabalho não pode ser interrompido porque o local seria contaminado e o investimento perdido.

A implantação do Ceitec custará R$ 185 milhões. Deste total, R$ 148 milhões serão desembolsados pelo MCT, além de R$ 8 milhões da Finep.

Os equipamentos doados pela Motorola equivalem a outros R$ 12 milhões e o terreno de 56 mil metros quadrados onde está sendo erguido o complexo foi cedido pela prefeitura de Porto Alegre.

O Estado contribuiu com a armazenagem dos equipamentos, o projeto básico de engenharia e o reforço na rede elétrica local.

Neste ano, o MCT reservou R$ 88 milhões em seu orçamento para o centro, mas ainda faltam R$ 30 milhões para a conclusão das obras e mais R$ 20 milhões para colocar os equipamentos em funcionamento, calcula Dias.

Além disso, depois de pronta a instituição precisará de cerca de R$ 9 milhões a R$ 12 milhões por ano para cobrir custos operacionais durante cinco anos, quando deverá atingir a auto-sustentação financeira com o desenvolvimento de projetos em parceria com empresas privadas, explica o executivo.

Uma alternativa que está sendo negociada com a Casa Civil, conforme o presidente do centro, é a alteração do status jurídico do Ceitec de associação civil sem fins lucrativos para organização social.

"Isso nos permitiria firmar contratos de gestão com o MCT para receber verbas públicas por cinco anos, com garantia de recursos", diz.

Hoje, o centro tem 25 projetistas de circuitos integrados que trabalham desde junho de 2005 em instalações da PUC-RS e da UFRGS no desenvolvimento de dois projetos comerciais.

Um deles é com a Altus, para a produção de chips usados em equipamentos de automação industrial. O segundo é um produto para processos de identificação e rastreabilidade, que está sendo executado com a gaúcha Innalogics.

Quando estiver operando a pleno vapor, o Ceitec deverá ter 120 projetistas e poderá atender dois terços das necessidades tecnológicas da indústria brasileira, com destaque para os setores de automação comercial e industrial, tecnologia da informação, telecomunicações, televisão digital, automotivo, aeronáutico e de eletrodomésticos.

De acordo com Dias, o centro começará produzindo chips de 0,5 mícron, similar a um processador Pentium, passará para 0,35 mícron no segundo ano e com "algum investimento" adicional poderá chegar a 0,13 mícron, que seria superior ao padrão do Pentium III.


Data: 11/07/2006