Inicia em julho curso superior para professores indígenas do Alto Solimões O curso será realizado no Centro de Formação de Professores Ticunas-Torü Nguepataü (aldeia de Filadélfia) em dez etapas, durante as férias escolares Começa em 16 de julho a 1ª. etapa do Curso de Licenciatura para Professores Indígenas do Alto Solimões, que reunirá 250 professores, sendo 230 ticunas e 20 de outras etnias que atuam em escolas dos municípios de Benjamin Constant, Tabatinga, SP de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins, na região do alto rio Solimões, Amazonas O curso será realizado no Centro de Formação de Professores Ticunas-Torü Nguepataü (aldeia de Filadélfia) em dez etapas, durante as férias escolares. O projeto do curso superior foi elaborado pela Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngües (OGPTB) sob a orientação de sua equipe pedagógica. Em abril de 2004 foi apresentado à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), sendo aprovado por essa instituição em agosto de 2005, estabelecendo-se uma parceria entre OGPTB e UEA. O projeto do curso também foi selecionado pelo Programa de Apoio à Implantação e Desenvolvimento de Cursos de Licenciatura para Formação de Professores Indígenas (Prolind) da SESU/SECAD/MEC. A primeira etapa do curso terá apoio do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola/Programa Regional de Apoio aos Povos Indígenas da Bacia do Amazonas, do Prolind/SECAD/MEC e da Fundação Nacional do Índio, que também é colaboradora do projeto. O professor ticuna, Constantino Ramos Lopes, é o responsável pela coordenação indígena do curso, sendo o quadro docente formado por consultores da OGPTB e professores da UEA. A OGPTB, fundada em 1986, tem desenvolvido diversos cursos de formação de professores e projetos especiais voltados para a manutenção e valorização da língua ticuna, da arte e da cultura, a promoção da saúde, a defesa do meio ambiente e dos direitos assegurados aos povos indígenas. No curso de nível médio (com habilitação para o magistério), iniciado em 1997, formou-se um total de 204 professores. Foram promovidos também cursos de formação continuada e de aperfeiçoamento em educação escolar indígena para professores que atuam no ensino Fundamental e Médio, incluindo-se professores ticunas e de outras etnias, como cocamas e caixanas. Essa capacitação tem contribuído para a criação de novos níveis de ensino nas escolas indígenas localizadas na área de atuação da OGPTB. Atualmente, de acordo com o censo escolar, há 16.582 alunos matriculados nas escolas ticunas, dos quais 4.580 encontram-se nas classes finais do Ensino Fundamental e nos cursos de Ensino Médio. O Curso de Licenciatura para Professores Indígenas do Alto Solimões é, portanto, o resultado de uma trajetória de quase 20 anos de resistência e conquistas da OGPTB, cujas ações vêm construindo uma nova história da educação escolar indígena na região. As discussões sobre a necessidade de um curso superior indígena foram iniciadas nos cursos de formação e tiveram continuidade em quatro encontros promovidos pela OGPTB: em fevereiro de 2002, durante a Assembléia Geral da OGPTB, com 270 participantes; Tais encontros possibilitaram que a proposta do curso superior fosse amplamente debatida por professores e lideranças indígenas de diversas aldeias e municípios. Um dos princípios do projeto é garantir a discussão contínua dos objetivos, conteúdos e componentes curriculares, de forma que possa estar em permanente sintonia com as necessidades e expectativas dos professores indígenas e suas comunidades quanto à educação que desejam para suas escolas. A orientação pedagógica do curso de licenciatura indígena está a cargo da OGPTB, que elaborou o projeto e o planejamento da 1ª. etapa do curso, tendo em vista a experiência acumulada por esta organização em projetos anteriores. Os ticunas formam a população indígena mais numerosa da Amazônia brasileira, com cerca de 38 mil pessoas, vivendo também no Peru e na Colômbia onde estima-se um total de 16 mil. Data: 10/07/2006 |