"Tal êxito, fruto da mobilização da comunidade, é apenas um entre as muitas tarefas pendentes para que a filosofia se estabeleça definitivamente neste segmento"

Roberto S. Kahlmeyer-Mertens - Professor de filosofia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ-FFP.

A comunidade acadêmica de filosofia comemora a decisão do Conselho Nacional de Educação (através da Câmara de Ensino Básico/CEB-CNE) que, no último dia 7, deliberou que as escolas do Ensino Médio devem passar a oferecer filosofia entre suas disciplinas.

A decisão deu-se com a aprovação unânime dos 12 conselheiros e aguarda ser homologada pelo Ministro da Educação. Esta resolução altera a vigente (n.º 3/98) tornando obrigatório o ensino de filosofia e de sociologia nas escolas de ensino médio no país.

Contudo, tal êxito, fruto da mobilização da comunidade, é apenas um entre as muitas tarefas pendentes para que a filosofia se estabeleça definitivamente neste segmento.

Entre estas, a capacitação dos licenciados que atuam nesta área; a viabilização de caminhos para seu ensino; a criação de estratégias e propostas metodológicas capazes de resolver seus impasses; a garantia da interdisciplinaridade e a mais importante de todas: o empreendimento de algo no sentido da filosofia a partir deste espaço, sem que esta se reduza a uma educação depositária, na forma de uma disciplina escolar cujo teor autenticamente filosófico já teria perecido.

Oportunizam-se, assim, questionamentos vitais, entre eles, a pergunta pela própria filosofia, já dignificada por autores como Ortega y Gasset, Heidegger, Deleuze e Caio Prado Jr.