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Em teste, uma vacina antitabaco

A FDA, agência reguladora de medicamentos dos EUA, dá prioridade à análise de eficácia da NicVax

Tome uma vacina e deixe de fumar. A idéia não é tão improvável.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco e de outras oito instituições acabam de iniciar um grande estudo sobre uma vacina que procura bloquear as sensações prazerosas resultantes da satisfação do vício em nicotina.

 A vacina estimularia a produção de anticorpos que, ligados às moléculas de nicotina, as impediriam de chegar ao cérebro.

 A busca de uma vacina contra a nicotina é parte de uma nascente onda de pesquisas sobre vacinas contra substâncias que causam dependência. Pesquisadores e companhias farmacêuticas também estudam vacinas que gerariam anticorpos contra cocaína, heroína e metanfetamina.

Mesmo que o teste da vacina contra a nicotina, a NicVax, seja bem-sucedido em humanos, o produto levará pelo menos dois anos para chegar ao mercado, calculam os pesquisadores.

Outras duas potenciais vacinas contra a nicotina estão em estudo, diz Frank Vocci, diretor da divisão de farmacoterapia do Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA. Mas a NicVax, produzida pela Nabi Biopharmaceuticals, está mais adiantada.

Vocci observou que a FDA, a agência federal americana de controle de alimentos e medicamentos, pôs a NicVax num processo rápido de aprovação. "Isso significa que eles farão uma revisão rápida e darão retorno dentro de alguns meses", afirma. "Eles dão atenção especial à vacina e realmente tentam adiantar o processo, pois seria um produto inédito".

Bom Negócio

O consumo de cigarros nos EUA atingiu em 2005 o menor nível desde 1951. As vendas de cigarros caíram 4,2% no ano passado e 20% desde 1998.

Ainda assim, o sucesso financeiro da primeira farmacêutica a comercializar uma vacina bem-sucedida contra a nicotina seria enorme.

Embora os índices de tabagismo nos EUA tenham baixado, o hábito causa mais de 440 mil mortes por ano no país, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

No mundo, os atuais índices de tabagismo levariam a cerca de 1 bilhão de mortes no século 21, estima Vocci.

Doses para evitar recaída

Cerca de 7 em cada 10 fumantes dizem que gostariam de parar, mas a vasta maioria dos que tentam acaba voltando.

Embora o mercado das terapias para o abandono do tabagismo seja estimado em mais de US$ 1 bilhão anuais, muitos fumantes continuam a fracassar nas tentativas mesmo enquanto usam os produtos disponíveis.

O índice de sucesso a longo prazo geralmente atinge no máximo cerca de 20%.

"O período crítico é aquele entre quatro semanas e um ano de abstinência", afirma Victor Reus, professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia e um dos principais pesquisadores da NicVax.

Se a vacina realmente ajudar os fumantes a abandonar o vício, diz Reus, uma questão crucial será saber se doses de reforço poderiam evitar recaídas.

Além dos esforços individuais dos maiores interessados, os próprios fumantes, cada vez mais governos transportes públicos.

Do mundo tentam conter o tabagismo na marra, proibindo, por exemplo, o consumo de tabaco em locais de trabalho, em lojas e no sistema de transportes públicos.


Data: 06/07/2006