topo_cabecalho
Evento na Reunião Anual da SBPC vai discutir o desenvolvimento sustentável e a construção habitacional

Não é possível um desenvolvimento sustentável no Brasil sem que a construção civil sofra transformações profundas

No segmento habitacional são necessárias cinco milhões de novas habitações para a população de baixa renda, mas é inaceitável que as novas habitações sejam produzidas a partir dos velhos paradigmas insustentáveis.

Estas e outras idéias serão levantadas para debate por Vanderley John, professor da Escola Politécnica da USP, no simpósio "O desenvolvimento sustentável e a construção habitacional", integrado à programação da Reunião Anual SBPC, que acontece de 16 a 21 de julho, no campus da UFSC.

O encontro sobre sustentabilidade na construção será realizado na sexta-feira, 21/7, a partir de 14h, no auditório do Centro Tecnológico, numa promoção da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Vai contar também com a participação do professor Roberto Lamberts, do Depto. de Engenharia Civil da UFSC, e da professora Angela M. Gabriella Rossi, da Escola Politécnica da UFRJ.

Coordenador geral da Conferência Latino-Americana de Construção Sustentável, Vanderley John lembra que a construção civil tem importante papel social, pois é responsável pela produção da infra-estrutura coletiva do país e pela geração de cerca de 15% dos empregos nacionais. Mas seus desafios são significativos, pois boa parte dos operários da construção encontram-se na faixa da pobreza e possuem pouca educação formal.

"A construção sustentável impõe inovação tecnológica, formação de recursos humanos, mudanças de cultura e práticas gerenciais, alterações na legislação e normalização, além de exigir alterações na forma de relacionamento entre os diversos integrantes da cadeia da construção. Não é possível, portanto, um desenvolvimento sustentável sem que a construção civil sofra transformações profundas", alerta o professor.

Coordenadora do Laboratório de Assentamentos Humanos Sustentáveis, ligado à Escola Politécnica da UFRJ, a professora Angela M. Gabriella Rossi, ressalta que do ponto de vista urbano, habitação é um sistema, que precisa estar integrado às redes de infra-estrutura de saneamento básico, aos serviços de saúde, de educação e de comércio, à oferta de trabalho, esporte e de lazer, e à rede viária.

"Pelo fato da vida cotidiana girar em torno da habitação, é que a busca pela cidade sustentável depende, em boa parte, do bom funcionamento de cada um desses sistemas e da integração entre os mesmos", defende a professora.

Ela lembra que em países periféricos e semiperiféricos, como o Brasil, o crescimento urbano acelerado tem provocado, historicamente, uma série de pressões de ordem social, econômica e ambiental.

Na maioria desses países, a taxa de crescimento econômico não acompanhou a de urbanização, criando assim uma população em sua maioria com renda insuficiente para pagar pelos serviços e elevando os custos operacionais da cidade.

Ao mesmo tempo, os governos locais não conseguem responder rapidamente a essa demanda, o que faz com que a população encontre suas próprias soluções, geralmente ilegais, gerando áreas precárias e superpopulosas.

"O Brasil hoje sofre intensamente as conseqüências da ocupação desordenada de seu território que apresentou nos últimos 50 anos uma das maiores taxas de urbanização do mundo", lamenta a professora.

"A busca pela sustentabilidade urbana não é tarefa fácil para o Brasil. Além de exigir respostas no setor construtivo e no setor econômico e social, o tema envolve atores públicos e privados, que devem interagir através de parcerias bem reguladas", avalia.

Com inúmeros trabalhos nas áreas de eficiência energética, avaliação do desempenho térmico de casas populares, conforto ambiental e princípios bioclimáticos aplicados à construção, o professor da UFSC, Roberto Lamberts, vai mostrar no simpósio como estes campos podem colaborar com a busca da sustentabilidade na construção.

Coordenador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações, ligado ao Departamento de Engenharia Civil da UFSC, o professor já integrou projetos para elaboração das normas brasileiras na área de Conforto Ambiental e participa do projeto Casa Inteligente, desenvolvimento numa parceria da UFSC com a Eletrosul e Eletrobrás/Procel.

A casa modelo é uma vitrine de tecnologias de ponta na área de eficiência energética e conforto ambiental, além de ambiente para a demonstração e desenvolvimento de atividades de ensino e pesquisa.

Saiba mais sobre a Reunião Anual e temas relacionados à sustentabilidade:

Produção e geração de energia

As políticas estratégicas de aproveitamento e geração de energia no Brasil são tema do um simpósio que será realizado na segunda 17/7, a partir de 14h, no auditório da Reitoria, e vai contar com a participação de Luiz Pinguelli Rosa, da UFRJ, de Rogério César de Cerqueira Leite, da Unicamp, e de Sérgio Colle, da UFSC. As energias solar e eólica e seu papel complementar na matriz energética renovável no Brasil será um dos temas em foco. O Brasil figura na geografia mundial como o país que exibe a mais robusta matriz energética renovável, sobretudo nas modalidades de energia hidráulica, solar, eólica e de biomassa.

Agricultura sustentável

Na mesa-redonda "C&T para uma nova agricultura sustentável" , que vai contar com a presença do professor Miguel Pedro Guerra (UFSC), e de Sílvio Crestana (Embrapa), serão discutidos os caminhos da ciência e tecnologia na agricultura, com foco na sustentabilidade. O debate, na quarta 19/7, às 10h, no auditório do Centro de Comunicação e Expressão, vai destacar o fato de que o Brasil é detentor da maior biodiversidade do planeta e os avanços da fronteira agrícola estão ameaçando os ecossistemas remanescentes. Por outro lado, são inegáveis os avanços que a agricultura brasileira experimentou nos últimos 30 anos, consolidando um dos mais importantes sistemas de produção da agricultura tropical no planeta.

Uso de plantas e conservação

Uso de plantas e conservação: abordagens etnobotânicas é o tema do simpósio que vai discutir o uso de plantas que podem servir ao homem e como essa relação pode ocorrer em conjunto com a conservação do meio-ambiente. Participam a professora da UFSC, Natalia Hanazaki, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia; Cristina Baldauf e Alexandre Siminski, do Núcleo de Pesquisas em Florestas Tropicais da UFSC. Entre os assuntos em foco, conceitos, contribuições e desafios da ciência que interpreta a história e a relação entre as plantas e os homens, além de estudos sobre o extrativismo da samambaia-preta no Rio Grande do Sul e o sistema de cultivo em roças em Santa Catarina. Na segunda,17/7, às 16h, na Sala EEL , Bloco A, térreo, no Centro Tecnológico.

Mais sobre a Reunião Anual da SBPC no site http://www.sbpc.ufsc.br


Data: 06/07/2006