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Sanguessugas também atuavam na Educação e Ciência e Tecnologia

"É uma tragédia que se abate sobre o Congresso Nacional. É um esquema bem mais amplo do que imaginávamos"

A quadrilha das Sanguessugas não atuava apenas no Ministério da Saúde, mas também tinha ramificações nas pastas de C&T e Educação.

A revelação foi feita, nesta terça-feira pelo procurador da República Mário Lúcio Avelar e pelo delegado da Polícia Federal Tardelli Boaventura, responsáveis pelas investigações que culminaram na prisão de diversos integrantes da máfia.

Os dois prestaram esclarecimentos ontem à CPI Mista das Sanguessugas, em sessão reservada.

Não revelaram nomes de parlamentares, mas documentos entregues por eles denunciam a participação de diversos parlamentares no esquema denunciado.

"Há boas provas contra pelo menos 55 deputados", afirmou um integrante da CPI.

Além de fraudarem licitações de compras de ambulâncias, disseram os investigadores, a máfia também maquiava pregões para aquisições de ônibus em programas de inclusão digital do MCT e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

"É uma tragédia que se abate sobre o Congresso Nacional. É um esquema bem mais amplo do que imaginávamos", afirmou o vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE).

Há pelo menos 300 prefeituras suspeitas de participar do esquema do MCT. O procurador e o delegado não deram maiores detalhes do esquema nas duas pastas.

Não tiveram tempo de aprofundar as investigações, mas apontam indícios fortes de ampla atuação da máfia. Avelar isentou qualquer participação de ministros.

Jungmann vai apresentar requerimento hoje na CPI para pedir a saída dos três integrantes da Mesa Diretora da Câmara acusados de envolvimento com o esquema.

Documentos apresentados ontem pelos dois investigadores complicaram muito a vida, principalmente, de Nilton Capixaba (PTB-RO) e João Caldas PL-AL). Para Jungmann, a situação dos dois é "insustentável".

Outro integrante da CPI, perguntado sobre a participação deles no esquema, foi retumbante: "Esses aí estão ? Mortos ? É cassação".

Os deputados tiveram acesso ao livro-caixa da Planam, principal empresa acusada de envolvimento no esquema. Diversos deputados têm seus nomes ou de assessores na lista.

Uma assessora que trabalha para João Batista (PP-SP) e João Mendes de Jesus (PSB-RJ) é uma das beneficiárias.

José Divino (PRB-RJ), Jorge Pinheiro (PL-DF), Pedro Henry (PP-MT) e Paulo Balthazar (PSB-RJ) aparecem como beneficiários diretos, segundo o livro-caixa da empresa. Um parlamentar da CPI afirma que Henry tem depósitos sempre "acima de R$ 20 mil".

Durante o depoimento, Boaventura e Avelar explicaram como funcionava o esquema das Sanguessugas. Organizaram os movimentos da organização em cinco passos.

O primeiro era encontrar municípios necessitados de ambulâncias e dispostos a participar do esquema. Depois, a tarefa era procurar um parlamentar interessado em fazer emendas ao Orçamento para beneficiar esses locais.

Depois, a máfia acionava os braços do esquema no Ministério da Saúde para agilizar a aprovação da compra. Em seguida, organizavam o processo fraudulento de licitação e, por fim, superfaturavam o preço dos veículos.


Data: 05/07/2006