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Células-tronco de fígado são usadas com sucesso

Cientistas da Universidade de Washington em Seattle formaram células de osso, cartilagem, gordura e formadoras dos vasos sanguíneos

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle (EUA), obteve diferentes tecidos a partir de células-tronco retiradas de fígados fetais humanos. Elas foram usadas para tratar, com relativo sucesso, danos no órgão de animais.

De uma linhagem de células-tronco, os cientistas formaram em laboratório células de osso, cartilagem, gordura e endoteliais (do tipo que forma os vasos sanguíneos), o que comprovou a plasticidade do material.

As células-tronco, adultas e embrionárias, têm a capacidade virtual de se transformarem em qualquer tecido do corpo, por isso poderiam ser usadas no tratamento de doenças.

Há alguns anos os cientistas sabiam que há células-tronco no fígado. Mas é difícil mantê-las estáveis e indiferenciadas em laboratório, de forma que seja possível manipulá-las de acordo com o objetivo do tratamento. Foi o que a equipe de Seattle conseguiu, e por seis meses.

Depois de mantê-las estáveis e, de uma linhagem de células, desenvolver outras, o próximo passo era saber se elas poderiam ser usadas de forma terapêutica. Para isso, eles injetaram algumas delas em camundongos com problemas hepáticos. Sacrificados 30 dias depois, mostravam regeneração em áreas lesionadas do órgão.

Novos usos

O estudo aumenta o leque de possibilidades de utilização de células-tronco adultas. Além do fígado, elas também são encontradas na medula óssea, cérebro, sangue, tecido adiposo, bulbo capilar e dente.

Mesmo retiradas de fetos - neste caso, resultado de abortos legais nos Estados Unidos, realizados no primeiro trimestre de gestação -, elas não são tiradas de embriões, o que exigiria sua destruição. Assim, é evitado o debate ético em torno do procedimento.

Além disso, a equipe acredita que as células-tronco encontradas no fígado podem circular e ser retiradas do cordão umbilical, o que facilitaria muito o processo e a obtenção do material.

"Se for este o caso, será muito mais fácil isolá-las e aplicá-las futuramente", explica o principal autor, Nelson Fausto, diretor do departamento de fisiologia da universidade.

Fausto espera que o trabalho o auxilie na pesquisa de novos tratamentos do fígado, mas não necessariamente tendo as células-tronco como "remédio". Neste momento, ele quer entender a biologia básica da célula.

"Estamos interessados no desenvolvimento do fígado e em doenças ligadas ao órgão, então pensamos que um bom lugar para isolar células-tronco hepáticas seria um fígado fetal", diz o cientista, formado na USP.

A equipe continua trabalhando para entender por que elas são tão estáveis, e a explorar formas de usá-las para tratar doentes. E pensa em usar a mesma técnica para retirar células de pâncreas e rins de fetos.

Medula

Outros tratamentos do fígado com células-tronco estão em teste pelo mundo. Na maioria dos casos, a origem é a medula óssea. É o caso de uma equipe da Fiocruz da Bahia, que experimentou a técnica em animais com bons resultados.

A vantagem de se usar a medula como fonte é que não há rejeição do tecido.


Data: 14/06/2006