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Relógio biológico também afeta homens

A exemplo do que ocorre com os óvulos, qualidade do esperma se deteriora com o passar do tempo, diz estudo

Não são apenas as mulheres que ouvem o tique-taque do relógio biológico quando se trata de paternidade planejada. Novas pesquisas descobriram que, à medida que os homens envelhecem, a qualidade de seus espermatozóides se deteriora, tornando mais provável que tenham dificuldade para serem pais e aumentando a possibilidade de gerarem um filho com nanismo, por exemplo.

O estudo, comandado por Andrew Wyrobek, do Lawrence Livermore National Laboratory, e Brenda Eskenazi, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade da Califórnia, em Berkeley, aparece na edição online desta semana da Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Há muito que se conhece o fator relógio biológico nas mulheres, o fato de as mais velhas correrem um risco maior de aborto espontâneo ou de gerar filhos com defeitos genéticos, a exemplo da Síndrome de Down.

"Nossa pesquisa indica que os homens também tem um relógio biológico, ainda que diferente do das mulheres", disse Eskenazi. "Parece que a mudança que ocorre neles na fertilidade e na capacidade em potencial de gerar filhos viáveis e saudáveis é gradual e não abrupta."

Paternidade tardia

Nos últimos anos, tanto homens como mulheres têm postergado o momento da paternidade. Os pesquisadores dizem que, desde 1980, houve um aumento de 40% nas taxas de natalidade de homens entre 35 a 49 anos, enquanto o número de nascimentos de filhos de homens com menos de 30 anos caiu.

A mesma equipe já via descoberto anteriormente que, à medida que os homens envelhecem, a contagem de seus espermatozóides diminui e eles se tornam menos ativos.

O novo relatório analisou 97 homens com idades variando entre 22 anos e 80 anos e descobriu um aumento na fragmentação do DNA nos espermatozóides à medida que os homens envelhecem.

"Este estudo demonstra que os homens que esperam para ter filhos quando estão mais velhos não apenas se arriscam a ter dificuldades em conceber como também podem estar aumentando o risco de terem filhos com problemas genéticos", disse Wyrobek.

Diferentemente do que acontece com as mulheres mais velhas, as alterações nos espermatozóides não aumentam a possibilidade da geração de crianças com Síndrome de Down. Porém, alguns pais mais velhos realmente tem um risco maior de terem filhos com nanismo "e uma quantidade de homens corre o risco de transmitir múltiplos defeitos genéticos e cromossômicos".

O estudo foi originalmente financiado por várias subvenções do National Institute of Environment Health Sciences (Instituto Nacional de Ciência da Saúde Ambiental), que faz parte da Instituto Nacional de Saúde, também da U.S. Environmental Protection Agency (o órgão do governo responsável pela proteção do meio ambiente).

Elas ainda enfrentam mais riscos

A mulher perde a capacidade reprodutiva quando o número de óvulos é inferior a 25 mil.

A quantidade está determinada desde a barriga da mãe. Aos 5 meses, o feto tem cerca de 5 milhões de óvulos. Ao nascer, 2 milhões. Nas primeiras menstruações, a mulher só conta com 400 mil. Depois disso, a cada mês, perde mil.

"Não bastasse o número cada vez menor, os que permanecem vão envelhecendo, já que perdem a capacidade de replicação", diz Edson Borges, especialista em reprodução humana da clínica Fertility. Aos 35 anos, a chance de gerar um bebê com síndrome genética é de 1 para 800. Aos 45, de 1 para 40.


Data: 07/06/2006