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Professor da UFCG lança livro sobre a relação entre política e poder familiar

Evento será realizado às 19h desta terça-feira, 28, no Museu de Arte Popular da Paraíba

Nesta terça-feira, dia 28, o professor José Marciano Monteiro, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), lançará o livro “A Política como Negócio de Família – para uma sociologia das elites e do poder político familiar”. O evento é gratuito e será realizado a partir das 19h, no Museu de Arte Popular da Paraíba da Universidade Estadual da Paraíba (MAPP/UEPB), Centro de Campina Grande.

Fruto da tese defendida pelo professor junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCS) da UFCG, o livro faz um recorte na história da Paraíba no período de 1985 a 2015, a partir do entrelaçamento da política e do poder familiar, evidenciando os efeitos provocados por esse vínculo.

“É um fenômeno que coloca em xeque o próprio sentido e significado da palavra ‘república’, tendo em vista que os recursos do Estado são, em grande medida, drenados para poucos e privilegiados grupos que passam a se constituir e operacionalizar em configurações de castas, formando verdadeiras dinastias no poder, algo que é pouco republicano e menos ainda democrático. São famílias que controlam partidos políticos, mídias, atuam em tribunais de contas, tribunais de justiça, cartórios, e, por consequência, em instituições no mercado, operando em setores produtivos e improdutivos, atuando e investindo em bolsas de valores e movimentando vultosos recursos em capital financeiro”, explica.

O autor ressalta ainda que o nome e o sobrenome da família funcionam como elemento distintivo, ou seja, diferenciador dos grupos sociais. “Estas famílias do poder possuem um capital que também é simbólico, um capital específico, que é o capital político familiar. Este capital se traduz num acúmulo histórico de relações sociais que se materializam no nome, no sobrenome (o que permite a especificidade capital de notoriedade – ser conhecido, tornar-se conhecido) e nos mais variados espaços e instituições”, diz.

Para José Marciano, o Estado brasileiro está longe de se constituir em um Estado Democrático de Direito. “No mundo prático, trata-se de um Estado Oligárquico de Direito. A título de exemplo, em um país de dimensões continentais como o nosso, apenas seis famílias controlam os principais meios de comunicação. Essa lógica se perpetua nos estados e municípios. Trazendo para a nossa realidade, na Paraíba o poder político e econômico se aglutina historicamente em pouco menos de 20 famílias”, revela.

Segundo o autor, esse formato de Estado composto pela formação de castas, nepotismos e privilégios que desaguam em práticas as mais diversas - como clientelismo, patronagem e empreguismo -, deve ser abolido. “O problema é que estas castas, por controlarem partidos e várias outras instituições, mantêm uma rede de relações e de dominação histórica com as camadas mais necessitadas da população e, assim, instauram e perpetuam lógicas de dominação simbólica e material. Essas redes de dominação, por sua vez, alimentam e sustentam os modos contemporâneos de dependência, estabelecidos a partir da estrutura desigual existente na sociedade brasileira”, finaliza.

(Ascom UFCG, com informações da UEPB)


Data: 28/08/2018