Projeto de pesquisa da UFCG sobre a algaroba é aprovado pelo CNPq O Projeto de pesquisa intitulado A ecologia política da algaroba: poder, mudança ambiental e qualidade de vida no semi-árido nordestino, dos professores Ramonildes Alves Gomes e Luís Henrique Cunha, da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais (UACS), do Centro de Humanidades da UFCG, teve seu financiamento aprovado pelo CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientìfico e Tecnológico, no âmbito do Edital nº 061/2005, que selecionou projetos de todo o Brasil nas áreas de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas. O resultado do edital foi divulgado na página do CNPq, na Internet. Entre os 487 projetos aprovados, 13 são da Paraíba, 2 da UFCG. De acordo com o professor Luís Henrique Cunha, “a hipótese que irá nortear o trabalho de pesquisa é que a dimensão política (no sentido da distribuição e da circulação do poder entre diferentes grupos sociais, recursos e espaços) orientou e continua a orientar o uso estratégico de posição, conhecimento ou representações que tem formatado as políticas e programas de uma grande diversidade de instituições (Ministério da Agricultura, centros de pesquisa, universidades, ONG’s, entre outras) que incentivaram o plantio de algaroba no semi-árido nordestino ou que denunciaram e tentam reverter seu impacto ambiental”. Para a professora Ramonildes Alves, é preciso politizar as mudanças ambientais no semi-árido. “Politizar as mudanças ambientais no semi-árido possibilita a reflexão sobre a noção de qualidade de vida numa dupla abordagem: de um lado, como a idéia de melhoria das condições de vida tem legitimado políticas públicas de ‘combate à seca’ ou de ‘convivência com o semi-árido’ e, de outro lado, como as vidas das pessoas têm sido afetadas por estas mesmas políticas”, afirmou. Em menos de três anos de funcionamento, é a terceira vez que o Laboratório de Sociologia Aplicada (LASAP), da UACS/CH/UFCG, tem projeto de pesquisa com financiamento aprovado pelo CNPq. No final de 2003, foi aprovado o Projeto Memória, em colaboração com a professora Rosilene Dias Montenegro, da Unidade Acadêmica de História e Geografia, e, em 2004, foi aprovado o projeto de pesquisa sobre manejo de recursos comuns em áreas de assentamento no semi-árido paraibano, do professor Luís Henrique Cunha. A algaroba A algaroba (foto) foi introduzida no semi-árido nordestino em 1942, através de sementes procedentes do Peru, e estima-se que em meados da década de 1980 já ocupava mais de 500 mil hectares no Nordeste, 90 mil deles plantados com recursos governamentais. Os entusiastas da algaroba a enxergavam como promotora do desenvolvimento regional, em virtude de sua adaptação a temperaturas elevadas e solos pobres, alta produtividade, resistência à seca, multiplicidade de usos da madeira (fornecimento de lenha, estaca, carvão), fonte de alimento para os animais nos períodos secos e recurso para apicultura. O plantio da algaroba ganhou impulso na década de 1950, e na década de 1960 o Ministério da Agricultura distribuiu mudas nos estados do Piauí, Ceará, Paraíba e Pernambuco. O auge no processo de dispersão da espécie no semi-árido se deu entre o final da década de 1970 e meados dos anos 1980, envolvendo, entre outras instituições públicas, o IBDF, a SUDENE e secretarias de agricultura e empresas de assistência técnica dos estados, em torno de um programa de reflorestamento como solução técnica para a destruição da cobertura vegetal nativa da caatinga. Este programa financiou, a fundo perdido, grandes proprietários rurais, através do Fundo de Investimento Setorial (FISET), e deveria desenvolver a atividade pecuária na região. Em 1984, o Ministério da Agricultura criaria ainda o Projeto Algaroba. A falta de manejo e a criação extensiva de gado (que atua como dispersor das sementes) fizeram com que a algaroba invadisse vastas áreas da caatinga, competindo com outras espécies e transformando-se em problema ambiental e social para os agricultores familiares. Data: 31/05/2006 |