topo_cabecalho
Artigo - A árvore dos enforcados

Benedito Antonio Luciano*

 

Lançado nos Estados Unidos em 11 de fevereiro de 1959, sob o título “The hanging three”, o filme dirigido pelo estadunidense Delmer Daves, recebeu no Brasil o título de “A árvore dos enforcados”.

Com duração de cento e sete minutos, a referida produção cinematográfica é um exemplar do gênero faroeste, no qual se destaca a figura de um herói de comportamento ambíguo, ora altruísta, ora mesquinho, brilhantemente interpretado por Gary Cooper.

 

Baseado na novela escrita por Dorothy Marie Johnson, a mesma que teve obras imortalizadas no cinema tais como “O homem que matou o facínora” e “Um homem chamado cavalo”, no filme “A árvore dos enforcados”, além da interpretação magistral de Gary Cooper, em um dos seus últimos papéis no cinema, ressaltam-se as interpretações de Maria Schell, Karl Malden, George C. Scott, Virginia Gregg e Ben Piazza.

 

Um dos pontos altos de “A árvore dos enforcados” é a trilha sonora, assinada por Max Steiner, na qual a canção título (“The hanging three”), com letra de Mack David e música de Jerry Livingston, interpretada de forma marcante por Marty Robbins, foi indicada para o Oscar em 1960.

Na primeira cena, durante a apresentação dos créditos, enquanto a canção tema é apresentada, surge o personagem principal: um cavaleiro solitário, identificado por Dr. Joseph Frail (Gary Cooper), cavalgando ao lado de um rio de águas muito limpas, tendo ao fundo montanhas altas com neve nos picos e uma floresta composta por árvores de grande porte.

 

A identificação do personagem pode ser lida em uma das malas de sua bagagem conduzida por um cavalo que segue aquele no qual o Dr. Joseph Frail está montado.

 

Na sequência, num plano superior, vê-se um grupo de pessoas que se deslocam em cavalos, carroças e a pé em direção a um acampamento de mineiros, identificado como “Trilha do Ouro”, Montana, 1873. E o Dr. Frail se junta ao grupo.

 

Num corte, é feito o enquadramento do galho de uma árvore desfolhada do qual pende uma corda que provavelmente teria sido usada em um enforcamento recente. Na legenda aparece uma frase pronunciada por um dos mineiros: “Cada acampamento de mineiros tem que ter uma árvore dos enforcados. Faz o pessoal se sentir respeitável”.  

 

Assim começa o enredo do filme, com a chegada do Dr. Joseph Frail para trabalhar como médico no lugarejo denominado Skull Creek, fugindo de um passado obscuro, nitidamente estampado no semblante atormentado do personagem, tão bem interpretado por Gary Cooper.

               

No desenrolar do filme vão surgindo os demais personagens, dentre eles: Rune, um ladrão de pepita de ouro, interpretado por Ben Piazza; o mau caráter Frenchy Plante, interpretado por Karl Malden; o curandeiro e pregador alcoólatra George Grubb, interpretado por George C. Scott; a sueca Elizabeth Mahler, interpretada por Maria Schell; o comerciante Ton Flaunce, interpretado por Karl Swenson; e Edna Flaunce, esposa de Ton Flaunce, interpretada por Virgínia Gregg.

 

Como nos bons “westerns”, o enredo de “A árvore dos enforcados” não está suportado em tiroteios, duelos e pancadaria. O foco principal está nas relações interpessoais, com toda complexidade da carga psicológica carregada por cada personagem durante a corrida do ouro, e isto faz com que “A árvore dos enforcados” seja um filme que vale a pena ser visto e revisto, como o fiz para escrever este texto.

                               

* O autor é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 08/11/2016