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Artigo - Professor da Federal

Edmar Candeia Gurjão*

 

Escolhi ser Professor Universitário no Brasil. Chego a quase 15 anos de profissão, já passei por escolas particulares, e agora sou da escola pública federal. Busco constantemente a noção exata do que é o meu trabalho, da universidade que leciono e das tarefas que devo e das que me proponho a realizar. O que é uma procura difícil, visto que há tantas visões distintas sobre esses pontos.

 

Vou começar pela profissão, professores universitário, numa escola pública. Do ponto de vista financeiro, há pessoas que me consideram rico, pois comparam a minha remuneração com um assalariado, outros que sou pobre, pois comparam o meu salário com outras categorias, e ai vem sempre a comparação com os médicos e juízes. Alguns acham que eu não trabalho, já escutei “professor, além de dar aula o senhor trabalha?”, dentre outras pérolas, para outros trabalho demais, há até quem não entenda o que eu venho fazer na universidade nos dias que não tenho aula.

 

Intelectualmente, há quase um consenso. A maioria pensa que sou intelectual, uma pessoa bem educada em todos os sentidos da palavra, que conhece tudo da minha área, e portanto posso responder qualquer tipo de pergunta. Alguns duvidam piamente do meu conhecimento, e passam a maior parte do tempo testando se eu realmente conheço do assunto, ou se consigo resolver charadas.

 

Dentre os colegas de profissão há visões distoantes, uns acham que não devemos nem ministrar aulas, pois perdemos o tempo da pesquisa. Outros que basicamente temos ministrar aula, pois foi para isso que fomos contratados. Há também uma certa cobrança mútua, quase beirando a competição e divisão entre castas, tudo regido pelo Curriculo Lattes, que para uns diz tudo, e para outros não mede nada.

 

Sobre a universidade pública há exigências das mais diversas possíveis, uns querem que tenhamos boas instalações físicas, e que ensinemos o "mercado" como eles, outros que sejamos um centro de excelência, e que o “mercado” é quem deve nos acompanhar. A sociedade quer utilizar a universidade pública para, inclusive, dar educação doméstica aos seus filhos. Os órgãos governamentais, mudam de opinião a cada novo governo, indo desde o desejo de fechamento dessas escolas, até que façamos com qualidade, ensino, pesquisa e extensão, porém sem fornecer os recursos financeiros suficientes.

 

Há muitas outras variantes, e no final das contas, chego a conclusão de que nós professores das universidades públicas, atendemos todos esses anseios, muitas vezes sem ter as condições mínimas de trabalho, apenas pela vocação e responsabilidade que nos é inerente. Parabéns para mim e aos colegas professores, sejam ou não da Federal!

 

* Edmar Candeia Gurjão é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG. O artigo foi escrito em alusão ao Dia do Professor, celebrado no dia 15 de outubro.

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 17/10/2016