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Parceria entre Brasil e UE usará tecnologia para desenvolver agroecologia

Conforme o levantamento apresentado pelo governo federal, atualmente o Brasil possui 130 núcleos de agroecologia. A ideia é usar essa rede dentro do País, além da colaboração internacional, para trocar experiências entre pesquisadores brasileiros, europeus, além dos agricultores

 

A agroecologia e a agricultura orgânica são movimentos alternativos ao modelo de produção predominante, que não utilizam pesticidas ou tecnologias agressivas ao meio ambiente e à saúde. Para expandir essas práticas sustentáveis, Brasil e União Europeia (UE) tem estruturado uma colaboração internacional, com o objetivo de desenvolver a Plataforma Tecnológica de Agroecologia, Agricultura Orgânica e Segurança Alimentar. A ferramenta digital, chamada NutriSSAN, pretende agregar pesquisa, desenvolvimento, produção e distribuição de alimentos para ampliar as oportunidades nesse setor.

 

A plataforma é um dos projetos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) aprovados em 2015 pelo programa Diálogos Setoriais entre Brasil e União Europeia. Em reunião nesta quarta-feira (24), representantes brasileiros e do bloco europeu debateram a melhor forma de colocar o projeto em prática. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (Secis) do MCTIC, Edward Madureira, é necessária uma ação que agregue conhecimento e competitividade à agroecologia e agricultura orgânica.

 

“Precisamos avançar bastante na agricultura orgânica, na agroecologia, na segurança alimentar, e unir forças é o caminho. O potencial que nós temos no País nas pequenas propriedades, por exemplo, é enorme. Agregar ciência e tecnologia e experiências internacionais a essas atividades vai fazer toda a diferença”, afirmou Madureira.

 

Conforme o levantamento apresentado pelo governo federal, atualmente o Brasil possui 130 núcleos de agroecologia. A ideia é usar essa rede dentro do País, além da colaboração internacional, para trocar experiências entre pesquisadores brasileiros, europeus, além dos agricultores.

 

De acordo com o diretor nacional do projeto Diálogos Setoriais, Marcelo Mendes, o maior benefício que a plataforma trará é o intercâmbio de informações. “Queremos aproximar duas realidades extremamente distintas. Uma vinculada à academia, que são os grupos de pesquisa e outra os pequenos agricultores, que em sua maioria são os grandes produtores de alimentos orgânicos e que muitas vezes tem dificuldade de acesso à informação, ao conhecimento e à pesquisa desenvolvida”, informou Mendes.

 

A ferramenta ainda está sendo desenvolvida pelo MCTIC e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Enquanto o projeto não é finalizado, a articulação entre os núcleos de agroecologia e agricultores de produtos orgânicos tem sido feita pelo governo. “O passo agora é estruturar essas redes para que possam divulgar o conhecimento tradicional da agricultura familiar quando lançarmos as informações para dentro da plataforma”, explicou o diretor do Departamento de Ações Regionais do MCTIC, Osório Coelho.

 

Experiência

 

Uma amostra da troca de experiências no setor proporcionada pela colaboração do Brasil com a União Europeia foi a palestra do ecologista e agrônomo belga Alain Peeter. O especialista falou sobre sua experiência com a agroecologia em fazendas de sua propriedade, localizadas na França e na Bélgica. “Queremos diminuir custos, colocar menos investimentos, usar tecnologias menos caras. A agroecologia proporciona isso”, comentou Peeter.

 

Na avaliação do agrônomo, o sistema agroecológico “confia na biodiversidade do solo”, o que reduz os custos de produção, ao mesmo tempo que resulta em produtos com mais qualidade, sem pesticidas que ameaçam a saúde dos consumidores. “Com a qualidade maior, o preço de venda fica mais elevado. Na Europa, as pessoas se importam em saber que estão se alimentando de uma forma saudável, por isso há demanda que justifique o preço”, ressaltou.

 

Mudança

 

Durante o evento, o secretário Edward Madureira confirmou sua saída da Secis, secretaria que deixará de existir dentro do organograma do MCTIC nos próximos dias, devido a uma reestruturação no ministério. “A Secis passa a ser uma diretoria dentro da Seped [Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento]. Agora retornarei à Universidade Federal de Goiás para continuar meu trabalho de engenheiro agrônomo”, informou Madureira.

 

(Agência Gestão CT&I)


Data: 25/08/2016