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UFCG homenageia as Ceguinhas de Campina Grande

Cerimônia foi realizada no Centro de Extensão José Farias da Nóbrega

 

A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) homenageou nessa terça-feira, dia 22, as irmãs Barbosa - as deficientes visuais Indaiá (Francisca Conceição), Maroca (Maria das Neves) e Poroca (Regina) - integrantes do trio de cantadoras populares conhecido como as Ceguinhas de Campina Grande. Elas ganharam notoriedade nacional no começo dos anos 2000, ao protagonizarem o filme A Pessoa é Para o que Nasce,  de Roberto Berliner.

 

O reitor Edilson Amorim registrou que a cultura popular é pouco visível na vida das pessoas, "sendo folclorizada, feito arquivos para estudar, e, muitas vezes estilizada como algo exótico e não pertencente à realidade, quando é presente - não saudosista, vista no passado - e que deve ser trazida à cena cotidiana".

 

Num breve histórico sobre o atual momento das irmãs, o diretor da Editora Universitária e idealizador do evento, professor Hélder Pinheiro, lembrou do encontro no aeroporto do Rio de Janeiro que " acabou rendendo novos encontros e concretizando a homenagem".

 

Para ele, a homenagem é um  reconhecimento, por parte da universidade, e um momento para relembrar a importante contribuição de artistas populares para a comunidade, além de uma forma de chamar atenção novamente para o trabalho delas

 

Uma das irmãs, conhecida como Poroca, destacou que estava imensamente feliz com essa homenagem da universidade.

 

Na ocasião, a editora gravou e comercializou CD´s e DVD´s com a renda revertida para o trio.

 

Após apresentarem um dos seus cocos mais conhecidos "Atirei no mar, o mar vazou...", as irmãs foram agraciadas com medalhas ao mérito. Também foram homenageadas com poesia declamada pelo próprio autor, Rafael Melo Poeta.

 

Homenagem às Ceguinhas de Campina Grande

 

No dorso da Borborema

Em uma campina incrustada

Três irmãs fazem morada

Lhes digo neste poema

São estrelas de cinema

Que brilham feito luar,

Vagalume a alumiar

Sempre ofuscando os olhares

Dos seus conterrâneos pares

Que param pra lhes olhar

 

Três muié, ou três irmã

Três artista da mulesta

Eu vi num dia de festa

Numa terça de manhã

Num foi em Puxinanã

Mas na cidade vizinha

Os ói dela parecia

Igual estrelas tremendo

Se apagando e se acendendo

Em dia de cantoria

 

Regina foi a primeira

Mimosa Flôr do Sertão

Ainda tem Conceição

Essa aqui foi a terceira

Viviam cantando em feira

Fosse de noite ou de dia

A do meio é a Maria

Das Neves, o sobrenome

Maroca seu codinome

Também atende por Lia

 

Sempre tocando o ganzá

A um lado está Maroca

Na outra ponta Poroca

E no Centro é Indaiá

Atirando-se ao mar

Dos passos da multidão

Nas ruas elas estão

Nas ondas do vai e vem

Dos passos de alguns alguéns

Que passam na solidão

 

Elas enxergam além

Dos olhos do preconceito

Adquiriram respeito

Construindo a arte e o bem

São três que valem por cem

Cantando a nossa cultura

Uma viva literatura

No coração de Campina

Três senhoras, três meninas

E um exemplo de bravura

 

Se um dia vocês me visse

Se um dia vocês olhasse

E se algum dia enxergasse

Se os vossos ói se abrisse

E se alguma luz surgisse

Pra que vocês avistasse

Talvez vocês num cantasse

Nem tocasse o seu ganzá

Mas Deus sabe o que nos dá

E a pessoa é pro que nasce

 

(Ascom/UFCG com colaboração de Ana Cláudia Vieira - 23.03.2016)


Data: 23/03/2016