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Artigo - Iniciação à música erudita

Benedito Antonio Luciano*

 

A minha iniciação didática ao mundo da música erudita se deu por intermédio do saudoso colega Lamarck Bezerra de Melo, quando nos conhecemos em 1970. Apreciador e estudioso da música erudita, ele trabalhava para poder comprar discos e compartilhar generosamente o seu conhecimento com quem privava de sua amizade e se interessava por música de boa qualidade.

 

Posteriormente, tive oportunidade de por em prática um pouco desse conhecimento teórico ao participar, como corista do grupo vocal “Coro em Canto”, da UFCG, sob a regência do maestro Lemuel Guerra.

 

Antes de conhecer Lamarck, as primeiras noções sobre os elementos básicos da música vieram por meio das aulas de Canto Orfeônico, ministradas pelo professor Antonio Peixoto, no primeiro ano ginasial, no Colégio Estadual da Prata, em 1966.

 

As audições musicais na casa dos pais de Lamarck se davam geralmente nas tardes de sábado e domingo, seguindo uma sistemática curiosa. Ele tirava o disco de vinil do interior do encarte, passava uma flanela e, cuidadosamente, punha o disco para tocar no aparelho de som. Depois, acendia um cigarro e começava a explicar detalhes da obra que estava sendo executada, sobre o compositor, o maestro, a orquestra e intérpretes.

 

Nessas audições ele me pôs em contato com o canto Coral Gregoriano; a Polifonia Vocal; o movimento Barroco (Bach e Haendel); a música Clássica de Haydn e Mozart; o Romantismo de Schubert, Mendelssohn, Rossini, Bellini, Weber, Chopin, Berlioz, Schumann, Liszt, Wagner, Bruckner, Verdi, Brahms e Tchaikovsky; a música nacionalista dos russos Rimsky-Kosakov, Balakirev, Borodine, Mussorgsky e Cui; a música europeia de Mahler, Debussy e Ravel; as bachianas de Villa-Lobos, a música sacra do padre José Maurício; e a música modernista de Stravinsky e Béla Bartók.

 

Durante o período em que atuei no Coral Coro em Canto, entre 2002, e 2006, participei de apresentações realizadas em Campina Grande (PB) e outras cidades, tais como: Soledade (PB), Bananeiras (PB), Esperança (PB), João Pessoa (PB), Cabedelo (PB) e Recife (PE).

 

Dentre as obras apresentadas destaco as seguintes: Sinfonia número 9, em Ré-Menor, Opus 125, do compositor alemão Ludwig van Beethoven; Cavalleria rusticana, do compositor italiano Pietro Mascagni; Réquiem e Missa da Coroação, do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart; Carmina Burana, do compositor alemão Carl Orff; Stabat Mater, do compositor italiano Giovanni Battista Pergolesi; e Misa Tango, sob a regência do próprio compositor, o argentino Martin Palmeri.

 

As apresentações da Nona Sinfonia ocorreram no Centro Cultural, em João Pessoa – PB, no dia 19 de dezembro de 2002 e no Teatro Municipal Severino Cabral, em Campina Grande – PB, no dia seguinte, quando a Orquestra e o Coro Sinfônico da Paraíba juntos com o Coro em Canto da Universidade Federal de Campina Grande, sob a regência da maestrina cubana Elena Herrera, brindaram a plateia com essa obra-prima.

 

Efetivamente, ter participado dessas apresentações da Nona Sinfonia me propiciaram momentos de verdadeira transcendência. Além disso, ter cantado obras de Mozart e Beethoven me fizeram perceber, com maior clareza, a genialidade desses compositores.

 

*O autor é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 11/11/2015