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Artigo - A luta continua companheiro

Hiran de Melo *

 

Houve uma vez, num reino distante, um descontentamento de uma dentre às inúmeras classes de vassalos da Rainha. Os que se colocaram na condição de líderes, alguns se revestindo na condição de intelectuais orgânicos, apontaram como solução a guerra. Então, a classe se dividiu.

 

Outros 'serviçais ideológicos' - assim era, também, conhecida essa particular classe de vassalos - achavam que o melhor seria clamar pela generosidade da Rainha, afinal ela se auto proclamava a Mãe dos Pobres, embora mais parecesse a mãe dos podres em espíritos e ricos em matéria.

 

Foi realizada uma assembleia, o que resultou na eleição da guerra. Sendo que esta consistia em não mais executar, de forma plena, as incumbências que competiam a aquela classe de vassalos "revoltosos".

 

Todavia, a Rainha estava tão ocupada com as intrigas do palácio que nem se deu conta da falta daqueles serviços. E nem tão pouco ouviu os gritos dos "revoltosos".

 

Assim se passaram longos quatros períodos de tempo. Fim dos quais os "revoltosos" já se constituíam uma minoria. E, essa minoria, doida para encontrar uma razão para dar por terminada a guerra. Todavia, nem um número significativo de vassalos compareciam às assembleias para por fim a mesma.

 

Então, como não existia nenhum ganho para apresentar, se inventou o conceito da saída unida. Entraram divididos, mas sairiam vitoriosos, posto que unidos.

 

Entretanto, encontrar algo em que todos fossem a favor era uma missão tão impossível quanto vencer a guerra contra a Rainha, que dela nem teve conhecimento, como já anotamos.

 

Portanto, melhor seria encontrar um "bode expiatório". Um dentre os vassalos que houvesse ousado falar e se colocado à disposição da vitoria na guerra.  Um coitado do qual se pudesse difamar e, por ele, ninguém se sentisse motivado em sair em defesa. Por fim, a luta continua companheiro!

 

Ah! Disse-me um jardineiro, "para não dizer que não falei das flores", existia, ainda, outra opção: a autocrítica. Mas, esta é um conceito utópico quando se trata de intelectuais orgânicos, dos homens que sabem tudo. Pois, estes são, por convicção, os senhores da verdade. E esta jamais lhes faltará. Vida Longa à Rainha! Amém!

 

* Hiran de Melo é professor da UFCG

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 20/10/2015