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Artigo - A vingança de Gaia

Benedito Antonio Luciano*

 

Escrito pelo cientista britânico James Lovelock, o livro A vingança de Gaia, cujo título original é “The revenge of gaia: why the earth is fighting back, and how we can still save humanity”, foi publicado no Brasil, em 2006, pela editora Intrínseca, Rio de Janeiro.

 

Criador da Hipótese de Gaia (agora Teoria de Gaia), Lovelock é autor de quatro livros sobre o tema: “Gaia: A new look at life on Earth” (Oxford University Press, 1979), “The ages of Gaia” (W.W. Norton, Nova York, 1988), “ The practical science of planetary medicine” (Gaia Books, Londres, 2005) e “Homage to Gaia” (Oxford University Press, 2000).

 

Fruto do amadurecimento de suas observações sobre as mudanças ambientais, A vingança de Gaia, escrito por Lovelock, aos 86 anos, é um pequeno livro de conteúdo denso. Nele o autor aborda, dentre outros temas, o aquecimento global, as fontes e as formas de conversões energéticas, chegando a algumas conclusões surpreendentes e convincentes.

 

Organizado em nove capítulos, A vingança de Gaia não é um livro de mensagem catastrófica.  Pelo contrário, é um livro de leitura fácil e agradável, no qual a Terra é apresentada como um sistema autorregulador constituído da totalidade dos organismos, rochas de superfície, oceano e atmosfera estreitamente unidos como um sistema em evolução.

 

No capitulo 1, intitulado “O estado da terra”, são apresentados e discutidos os  recursos energéticos disponíveis, seus processos de conversão e impactos ambientais causados pelo uso inadequado desses recursos. No capítulo 2 é apresentada a definição do que é Gaia (“Temos de pensar em Gaia como o sistema complexo de partes animadas e inanimadas”). A história da vida de Gaia é apresentada no capítulo 3 (“A vida na Terra começou há 3 ou 4 bilhões de anos”). O capítulo 4 é dedicado às “Previsões para o século XXI”, com ênfase nas mudanças de temperatura global. As previsões se baseiam, na maior parte, em modelos matemáticos utilizados atualmente para prever o tempo daqui a mais ou menos um dia, estabelecendo cenários até 2100. As Fontes de Energia servem de título para o capítulo 5. Produtos químicos, alimentos e matérias-primas são os temas abordados no capítulo 6. Nesse capítulo, Lovelock, baseado em argumentos lógicos e convincentes, derruba mitos e questiona temores infundados: “Apesar de todo o nosso temor do câncer pela radiação, dos produtos químicos na comida e até dos telefones celulares e linhas de transmissão, vivemos mais anos do que os nossos antepassados”. No capítulo 7, sob o título “Tecnologia para uma retirada sustentável”, Lovelock adverte: “Tenho que enfatizar que o bem-estar de Gaia deve vir sempre à frente do nosso”. E finaliza afirmando: “não podemos existir sem Gaia”. No capítulo 8 ele apresenta “Uma visão pessoal do ambientalismo”, iniciando o capítulo com a afirmação: “O conceito de Gaia, um planeta vivo, é para mim a base essencial de um ambientalismo coerente e prático”. Para o último capítulo, ele escolheu um título interessante: “Além da estação final”, acrescido de um Glossário e sugestões de leituras adicionais.

 

Em síntese, A vingança de Gaia é um bom livro, que vale à pena ser lido e relido, como fiz agora para escrever este texto.

 

* O autor é professor do Departamento de de Engenharia Elétrica da UFCG.

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 09/09/2015