ARTIGO - Louvado seja Benedito Antonio Luciano No dia 18 de junho de 2015 foi lançada a Encíclica do Papa Francisco: “Laudato si’ – sobre o cuidado da casa comum”. Laudato si’ significa, em português, “Louvado seja”. Encíclicas são cartas circulares escritas pelos Papas. Nessa, organizada em seis capítulos, o Papa Francisco desenvolve o conceito de ecologia integral, no qual pessoas e meio ambiente formam um sistema imbricado. A iniciativa do Papa é extremamente oportuna, sobretudo quando em diferentes partes do Mundo as populações sofrem os efeitos devastadores da falta de racionalidade no tocante à exploração dos recursos naturais, como o uso da água doce, sem a menor preocupação com os ciclos de reposição. No Brasil, mesmo sendo um país dotado de grandes recursos hídricos superficiais e reservas subterrâneas de grande porte nas Regiões Sudeste, Sul, Norte e Nordeste, inúmeros são os exemplos de cidades que enfrentam problemas de racionamento de água. Entretanto, mesmo diante desses problemas ainda persistem as perdas e os desperdícios elevados nos sistemas de distribuição. Há, de forma criminosa, os chamados “gatos” nas redes de distribuição de água e de energia elétrica, impondo a toda sociedade um custo injusto rateado nas tarifas pagas por aqueles que não fraudam. Em face desta situação, o que se espera da sociedade é uma postura mais ativa, não conivente com a falta de ética ambiental, cabendo a cada um de nós, membros da comunidade humana, uma atitude pró-ativa, cidadã e solidária com vista à preservação da natureza e a dignificação da vida. O que se espera do Estado são ações concretas que resultem em melhor gerenciamento dos recursos hídricos e energéticos, reduzindo perdas e eliminando desperdícios. Neste contexto, “Laudato si’ – sobre o cuidado da casa comum”, a Encíclica do Papa Francisco, serve como alerta e se configura como um novo compromisso da Igreja Católica dirigido a todos os habitantes da Terra. Assim, tendo como foco a sustentabilidade, independente de credo religioso, ou não, é importante refletir sobre as palavras do Papa Francisco: “nós temos a responsabilidade de fazer crescer a terra, de fazer crescer a criação, de preservar e fazer crescer segundo as suas leis: nós somos senhores da criação, não donos”. Sem água e sem energia extingue-se a vida. A sustentabilidade depende do uso parcimonioso dos bens e das energias da natureza. Em termos práticos, urge, portanto, uma mudança de postura diante do uso desses recursos naturais. Mudança esta que passa pela educação, pelo combate à manipulação ideológica, pela aplicação dos conhecimentos científicos, pela adoção de tecnologias mais eficientes, pela responsabilidade social, pela determinação política e pelo combate à corrupção. * Benedito Antonio Luciano é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.
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