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Artigo - Energia e o meio ambiente

Benedito Antonio Luciano

 

Assim como não se faz uma omelete sem quebrar os ovos, toda atividade humana, em maior ou menor escala, provoca impacto ambiental. É o que ocorre com todos os processos de conversão de energia dominados tecnologicamente pelo Homem nos dias atuais.

 

Diferentemente do mito que se tenta passar nos meios de comunicação, não existem formas limpas de conversão energética. O que existe, de fato, são formas que impactam mais e outras que impactam menos.

 

Por razões estratégicas, cada país usa os recursos energéticos mais acessíveis ou mais abundantes em seu território. Tecnicamente, a esse conjunto de recursos energéticos dá-se o nome de matriz energética. No Brasil, a matriz elétrica é predominantemente hidráulica. Isto se explica pelo fato de o país possuir o terceiro maior potencial hídrico do planeta, ficando atrás da China e da Rússia.

 

Na realidade, cada forma de converter um recurso energético em energia elétrica tem vantagens e desvantagens, envolvendo questões de ordem técnica, política e socioeconômica, as quais devem ser tratadas sem manipulações ideológicas ou posturas preconceituosas em nome da sustentabilidade.

Tecnicamente, a energia elétrica pode ser obtida a partir de várias fontes: solar, hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia nuclear.

 

A energia solar, equivocadamente tida como energia limpa, nos dias atuais, ainda apresenta algumas limitações como, por exemplo, baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia e necessidade de grandes áreas para a captação de energia em quantidade suficiente para que o empreendimento se torne economicamente viável. A fama de os painéis fotovoltaicos serem ecologicamente corretos é colocada à prova quando se leva em conta os elementos tóxicos utilizadas em sua fabricação, tais como: mercúrio, cádmio, índio e cromo.

 

Os aproveitamentos hidráulicos, por sua vez, afetam os rios, a fauna, a flora e as populações ribeirinhas, devendo a construção de hidrelétricas ser precedida de rigorosos estudos de impactos ambientais, nos quais especialistas de várias áreas do conhecimento devem definir as melhores formas de mitigar ou compensar esses impactos.

 

A energia proveniente da biomassa pode ser obtida a partir de insumos tais como: óleos vegetais, lenha, carvão vegetal, álcool, biodiesel, resíduos agrícolas e florestais, lixo urbano e dejetos. De forma sensata e em escala modesta, a queima de madeira ou resíduos agrícolas para a obtenção de calor ou energia elétrica não ameaça a sustentabilidade. Limitações do emprego da biomassa: baixa densidade de fluxo energético; dependência da sazonalidade; custos relativamente altos de produção e transporte; baixa eficiência termodinâmica.

 

A obtenção de energia elétrica a partir de energia eólica é baseada na conversão da energia cinética de translação dos ventos em energia cinética de rotação nas pás dos aerogeradores. Embora nos últimos vinte anos o desenvolvimento tecnológico tenha melhorado a eficiência dos aerogeradores, nos dias atuais o preço da energia eólica ainda é alto e depende de subsídios governamentais para concorrer com a energia hidráulica, por exemplo.

 

Atualmente, diversos países são dependentes da energia elétrica obtida a partir dos derivados do petróleo. Os principais impactos ambientais causados pela queima desses insumos são as emissões de poluentes na atmosfera, principalmente os chamados gases de efeito estufa, tais como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

 

O emprego da energia nuclear para a obtenção de energia elétrica é aquele que nos meios de comunicação de massa e, até nas escolas, sofre os maiores preconceitos e manipulação de informação, sem chances de defesa, pois raramente lhe são facultados os contra-argumentos.

 

Diferente do que se tenta apregoar, a energia eletronuclear ambientalmente amigável é segura. Atualmente, existem 439 reatores nucleares em operação em 32 países, com raríssimos acidentes registrados, lembrando que o registrado em Fukushima Da-ichi (Japão) foi um acidente causado pela natureza: um terremoto seguido de um maremoto.

 

No Brasil, onde as usinas Angra 1 e Angra 2 estão em operação,  não há registro de acidentes ambientais ou mortes decorrentes do emprego dessa fonte de energia. Adicionalmente, há de se ressaltar que, no Brasil a energia nuclear tem um papel importante a cumprir no estabelecimento de uma matriz elétrica diversificada, sustentável e eficiente, garantida pela posse da sexta maior reserva mundial de urânio, com potencial energético comparável ao pré-sal, e pelo domínio tecnológico do ciclo do elemento combustível, no caso o urânio.

 

 

Benedito Antonio Luciano é professor da UFCG.


Data: 28/11/2014