Programa do governo britânico dobra número de bolsas de mestrado para brasileiros Inscrições estão abertas até o dia 15 de novembro. Serão oferecidas pelo menos 54 vagas. O governo do Reino Unido vai dobrar o número de bolsas de mestrado concedidas a brasileiros pelo programa Chevening, que está com inscrições abertas até o próximo dia 15. Na atual seleção, serão oferecidas pelo menos 54 vagas, o dobro das 27 disponíveis no ano passado. O embaixador britânico no Brasil, Alex Ellis, diz que o maior número de bolsas tem o objetivo de estreitar laços, refletindo o crescimento do comércio exterior e do fluxo de turistas entre os dois países. Ele lembra que as universidades do Reino Unido são o segundo principal destino de brasileiros no programa Ciência sem Fronteiras. — O Brasil já emergiu como potência mundial e nunca houve tanto interesse nessa aproximação como agora. As exportações cresceram 70% nos últimos quatro anos e o número de turistas duplicou, entre 2007 e 2012. Queremos replicar isso no lado acadêmico — diz o embaixador. O Programa Chevening opera atualmente em 116 países. A seleção é feita pelo governo britânico, que busca identificar estudantes e profissionais com potencial de liderança. Criado em 1983, o Chevening já beneficiou mais de 41 mil pessoas, sendo 1.400 delas estudantes brasileiros. No ano passado, 669 candidatos disputaram as 27 vagas oferecidas no Brasil. Com a ampliação do número de bolsas, a embaixada britânica quer também abarcar a diversidade brasileira. A ideia, adianta Ellis, é selecionar bolsistas de diferentes regiões do país, bem como de diferentes cores e níveis socioeconômicos: — Além de duplicar o número de bolsistas, queremos expandir a diversidade geográfica e étnica das pessoas contempladas. As bolsas são destinadas a cursos de mestrado, com duração de até um ano. Elas bancam despesas de viagem, estadia e alimentação, além das mensalidades cobradas pelas instituições de ensino. Quem recebe a bolsa assume o compromisso de retornar ao país após a conclusão do curso, devendo permanecer pelo menos dois anos no Brasil. As inscrições são feitas pela internet, no seguinte endereço: www.chevening.org/brazil. A assessora para Bolsas Chevening da embaixada britânica, Caroline MacDonald, explica que o número exato de bolsas disponíveis a cada ano está atrelado também ao perfil dos bolsistas. É que os preços das mensalidades variam conforme o curso e a universidade. Assim, o governo do Reino Unido dispõe de uma quantia pré-determinada para o programa e esse valor pode ser suficiente para bancar mais ou menos estudantes. De qualquer forma, o embaixador Ellis garante que deverão ser oferecidas pelo menos 54 bolsas na atual seleção. Em Recife, as Bolsas Chevening já bancaram a pós-graduação de três pessoas na família do gerente de materiais Eduardo Lafayette. Aos 32 anos, ele concluiu um mestrado em Finanças e Administração no ano passado, na Universidade de Essex, na cidade de Colchester. Sua irmã Maria Cecília, de 36, cursou Logística e o pai, Eduardo Paiva, de 64, Economia, ainda na década em 1980. Eduardo Lafayette conta que morou no Reino Unido quando era criança, enquanto o pai fazia pós-graduação. Em 2012, ele seguiu o mesmo caminho e virou bolsista Chevening. Segundo Eduardo Lafayette, as universidades britânicas oferecem algo raro no Brasil: a oportunidade de conviver e aprender com estudantes e professores do mundo inteiro: — O curso foi muito bom, principalmente a parte do convívio com pessoas de diferentes lugares. O ex-bolsista lembra que foi alfabetizado em inglês, já que era criança quando morou na Inglaterra. O domínio da língua inglesa é um dos critérios de seleção. Quem concorre a uma bolsa deve também escrever uma carta em que demonstre a importância do mestrado para o futuro de sua carreira. — O processo de seleção é muito semelhante a uma seleção de emprego. Há um formulário online e você submete seu currículo, o histórico escolar e a carta. Você tem que colocar no papel que você é uma pessoa com potencial para ser líder e influenciar outras pessoas — diz Eduardo Lafayette. As bolsas para brasileiros têm foco nas seguintes áreas do conhecimento: Comércio e Investimento (incluindo Energia e Infraestrutura); Negócios, Finanças, Economia e Administração Pública (incluindo tributação); Segurança Global e Relçaões Internacionais (incluindo Direitos Humanos, Educação e Conflito); Desenvolvimento (incluindo Mudanças Climáticas, Sustentabilidade e Energia); Crime - conflito, crime transnacional e inteligência; Administração em Esportes para o legado de grandes eventos esportivos (incluindo educação esportiva, saúde e desenvolvimento). A embaixada esclarece, porém, que o programa está aberto a pedidos de bolsas para todas as demais áreas. Entre os ex-bolsistas Chevening, estão o ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, o ex-presidente da Bulgária Sergei Stanishev e o ex-primeiro-ministro da Polônia Marek Belka. No Brasil, fazem parte desse grupo o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Lélio Bentes Corrêa; o diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Eiti Sato; e o ex-diretor executivo da PepsiCo América do Sul Ricardo Andreas Schreer. (O Globo)Data: 06/11/2014 |