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Artigo - Artigo indefinido, verbo transitivo indireto

Marinilson Braga

 

 

Em nome de um deus, criou-se o caos. No big bang de uma criação, o universo se volta à sua identidade e forma. É como se retornasse ao espelho, refazendo-se rascunho, e sobre aquela lâmina se cortasse em reflexos, em reflexões, sobre a que prática se voltara sua teoria e/ou a qual teoria se moldava sua prática. Era o início do fim e o recomeço de tudo.

 

No meio do bang-bang ricocheteavam certezas e se acertavam incertezas a todos os saberes e de todos os sabores que, refratados no mesmo espelho, sobravam e saltavam aos olhos sob outros olhares - nunca vistos -, pelos mesmos ângulos que as pontas dos dados acertaram a mosca e as curvas dos gráficos se desviaram da sopa.

 

Há muito, nos relevos da criação, subentendia-se que, via de regra, não haveria regras para discutir ou se tentar entender se o que ali poderia explodir, ou devia explodir, partiria ou se partiria das ideias, ideais ou ideologias – embora, suposta fosse, considerada ou descaracterizada a raiz de cada radical estabelecido ou infundado.

 

No surgimento das palavras - descobria-se que não há a palavra singular - e que das suas sementes ou frutos brotariam, ou não, desconhecidas algas e árvore do conhecimento - sejam nos mares e marés, mato e matas, fogo e foco, ais e ares - que nas figuras e figurações da linguagem, numa torre de babel, erguem-se e/ou desabam sobre nós,  entrelaçados, sem metas ou metáforas compreendidas em tudo ou num todo.

 

Nas vidas das palavras, bem ou malcriadas, da intenção do texto à textura da ação, calam-se e se revelam movimentos e paralisias que, construindo ou desconstruído, com desvios (pontes) e rupturas (interseções) arquitetam ou estabelecem um (dis)curso com direção ou indiretas.

 

Parecia nascer, portanto, a impressão de que elas poderiam ser livre para voar ou rastejar. Com se fosse um livre arbítrio (desatenção ou descompasso, mutação ou imposição, preferência ou interferência) em uma lagarta que desistira do voo ao se prender radicalmente a uma maçã – preterindo pera e uva, salada mista, beijo ou lambida, qualquer variação das nossas línguas – numa liberdade de expressão ou expressão de liberdade - pois, nem todos criam asas ou têm os pés nos chão em suas metamorfoses.

 

Sobre a folha livre ou um livro fechado, perdidas em uma biblioteca ou se procurando nas prateleiras - cheias de traços de individualismo ou traças de egoísmo, por puro capricho ou contaminadas de censuras - as vidas sobrevivem de diferenças e diferentes... num universo ritmado por suas desordens... nelas, encarnam-se e se desalmam  as palavras num mesmo corpo ou cópula.

 

Segundo essa noite, já chegávamos ao terceiro dia... e nada se criara de novo, apenas cópias que se multiplicavam transformadas pelo control-c num world (no Word ) que se apresentava aberto a novos pensamentos e reformulações. Deste modo, a qualquer modo, continuava a se criar o mundo entre o rascunho e o que realmente poderia ser, ou não ter, numa contradição tamanha entre o concreto e a cal, o alicerce e a marcação estrutural do ser e do incerto.

 

Segundo essa noite, já chegávamos ao terceiro dia... e nada se criara de novo, apenas cópias que se multiplicavam transformadas pelo control-c num world (no Word ) que se apresentava aberto a novos pensamentos e reformulações. Deste modo, a qualquer modo, continuava a se criar o mundo entre o rascunho e o que realmente poderia ser, ou não ter, numa contradição tamanha entre o concreto e a cal, o alicerce e a marcação estrutural do ser e do incerto.

 

No quarto, já se bagunçava o dia, entre os lençóis freáticos e as quatro paredes dos abrigos subterrâneos dos contras e prós criações. Contudo, a força da criação podia - a partir do tempo - juntar espaços para que o mundo, antes pensado, rascunhado ou imaginário, ganhasse a livre exposição - sendo concreto, abstrato, rico ou mendigado na inspiração ou "piração" aos olhos dos outros ou no íntimo do sopro.

 

Veio o quinto (dia) dos infernos, no calor das contradições e na frieza dos contrários, abriram-se avenidas para o fluxo das opiniões contidas. De onde e para onde os olhares podiam se voltar, incontidos, a enxergar que, naquelas esquinas, rodar a bolsa de seus valores poderia expressar liberdade ou prisão (em quem se perde e/ou quem a procura) na mesma linha interpretativa dos que ali mendigam, roubam ou esperam uma oportunidade ir ou chegar.

 

Chegamos à sexta e, à tarde, tudo sumia... num balaio, entre serpentes e serpentinas, folia e dor... para, no sétimo dia, recomeçar a mesma criação. E no princípio não estava o verbo. Era o artigo e o sujeito conjugados por seus predicados, todos unidos à mesma matéria em diversos espíritos reunidos pelo objeto direto ou objetivo indireto, entre o céu e o inferno, nos umbrais da repercussão de qualquer das criações ou das suas criaturas.

 

Por fim, recomeçado, esse meu rascunho sempre será repensado, quando entendido pelo que revelo ou velo e nos desentendimentos sobre as metas e metáforas contidas, entre linhas separadas ou preenchidas por outros discursos ou "pré-conceitos".

 

Marinilson Braga é jornalista e assessor de Comunicação da UFCG

 

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição.


Data: 03/10/2014