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Artigo - Terceirização e desumanização na UFCG

Maurino Medeiros

 

 

A precarização das relações de trabalho e sua inconsequente desumanização é algo que assombra toda a sociedade. O que marca o processo de globalização e o neoliberalismo, tal como conhecemos hoje, é o interesse econômico. Tudo é feito em função do fluxo da economia e não da qualidade de vida dos cidadãos.

 

Na Universidade Federal de Campina Grande este fenômeno não é diferente. Aqui já há bastante tempo, o que predomina é o assustador aumento de trabalhadores terceirizados, principalmente nos setores de segurança e administrativo. A Universidade possui hoje em todos os campi centenas de trabalhadores terceirizados e uma parcela significativa de recursos públicos destinados a intituição são repassados para empresas que administram (e muito mau) tais serviços.

 

Infelizmente, contrariando princípios, parâmetros e elementos éticos e de cidadania, tais empresas ganham as licitações públicas e não conseguem tratar com dignidade os pobres trabalhadores, atrasando salários e desobedecendo todos os ritos trabalhistas e sociais.

 

São trabalhadores que estão há mais de sessenta (60 ) dias com seus vencimentos atrasados e totalmente desassistidos. Muito deles, com famílias numerosas e passando necessidades, vindo trabalhar com fome e deslocando-se aos locais de trabalho a pé, por não terem dinheiro sequer para o transporte coletivo.

 

E o que mais incomoda é que a Universidade Federal de Campina Grande absurdamente se mostra totalmente omissa, nada fazendo para resguardar a cidadania destes trabalhadores terceirizados. A prefeitura universitária responsável pela contratação das empresas não exerce nenhuma fiscalização ou controle sobre a situação, deixando os terceirizados a mercê dos desatinos de tais empresas. Ainda há denuncias de que os pobres terceirizados, fragilizados e abandonados, ainda recebem ameaças de funcionários da Instituição caso resolvam protestar pelo atraso dos sálarios.

 

A universidade é um locus privilegiado de formação da cidadania e defesa dos direitos humanos e não pode compactuar com iniquidades e se comportar como uma instituição irresponsável e alheia aos destinos de seus trabalhadores. Como podemos cobrar eficácia e comprometimento com nossa segurança se tratamos os profissionais que trabalham neste setor de maneira tão desumana

 

Reitoria, Prefeitura Universitária e ordenadores de despesas acordem para a cidadania e respeito aos trabalhadores terceirizados.

 

Maurino Medeiros é professor de Ciência Política e ex-ouvidor da UFCG


Data: 28/03/2014