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Artigo - 35 anos do curso de desenho industrial

35 anos do curso de desenho industrial

Wagner Braga Batista

 

Em agosto de 1978, turma composta por 20 alunos, selecionada no mês anterior, inaugurava o curso de Desenho Industrial no campus de Campina Grande da UFPB.

 

Este curso seria o terceiro criado neste amplo continente periférico chamado norte e nordeste do Brasil.

 

Inseria-se no reduzido rol de cursos recém-criados no país. Seria o décimo sétimo em uma área que apresentaria notável expansão nas décadas seguintes.

 

À época, 14 cursos localizavam-se na região sul e sudeste, sendo que nove estavam sediados no Estado de São Paulo.  

 

Em menor escala, esta concentração retravava a distribuição assimétrica do ensino de desenho industrial e design, que ainda hoje se mantém. 

 

À época havia seis cursos realizados em instituições públicas de ensino superior. O predomínio do ensino privado nesta área de formação irá se acentuar. Na década de 1990, ocorrerá  expansão vertiginosa e desordenada de instituições privadas com padrões de qualidade heterogêneos que afetará a formação de estudantes.

 

Em levantamento, realizado este mês constatamos que há 629 cursos nesta área abrangente e diversificada área de formação.  Destes, 31, 8% localizam-se no Estado de São Paulo.

 

Os cursos tecnológicos, criados a partir de 1997, também apresentaram significativa expansão, especialmente na rede privada. Correspondem a 51,2%, mais da metade dos cursos em atividade.

 

O curso de Campina Grande teve grande importância no desenvolvimento do ensino de desenho industrial no país. Pode-se dizer que realizou iniciativas pioneiras que se reproduziriam em outros cursos em formação.

 

Destacou-se por ser o primeiro curso a superar a dicotomia entre a formação artística e a exigida por projetistas de produtos manufaturados. Ao buscar inserção na área de tecnologia, conferiu claro aos seus estudantes. Sem renunciar a formação propedêutica, amplo e consistente, procurou dotá-los de aptidão técnica que os capacitasse para a realizar produtos industrializados.

 

Sediado no Departamento de Engenharia Mecânica, do CCT, pode oferecer aos seus estudantes visão abrangente de processos sociais conjugada com a proficiência técnica e a operacionalidade exigida para o desenvolvimento de projetos de produtos destinados à produção em série.

 

Os estudantes do curso também de beneficiaram da eventual orientação de engenheiros e de técnicos qualificados que acompanhavam projetos.

 

À época, além da Oficina de Mecânica, tendo à frente o saudoso Prof Leopoldo, tínhamos uma marcenaria muito bem equipada, sob a supervisão de um mestre e de exímio artesão, Seu Ulisses.

 

Outros professores e servidores técnico-administrativos muito contribuíram para a formação de alunos e para a afirmação do curso na UFPB.

 

Este perfil do curso, adquiriu maior consistência, com o currículo mínimo de desenho industrial, adotado pela primeira vez no Brasil.  A espinha dorsal integrada por nove disciplinas de projeto de produto ganhava densidade crítica graças a conteúdos pedagógicos das ciências humanas e práticas de oficina aplicadas à realização de projetos.

 

Durante a década de 1980, o curso de desenho industrial serviu como matriz dos cursos que estavam sendo criados no país.

 

Em 1981, o campus de Campina Grande dói contemplado com o primeiro Laboratório Brasileiro de Desenho Industrial-LBDI. Esta experiência pioneira perdurou até meados da década de 1990, exaurindo-se sem produzir o registro sistematizado de sua trajetória.

 

O LBDI utilizava-se da parte contíngua à marcenaria, para onde foi transferida a área de desenho industrial ao se constituir como departamento em 1996.

 

Em 1995, estimulados por Linaldo Cavalcante, presidente do CNPQ, professores do curso debateram a criação do primeiro programa de pós-graduação strictu sensu em desenho industrial no Brasil. A falta de sintonia entre os proponentes e a perspectiva de adoção de modelo consorciado, sediado na Universidade Federal do Paraná, inviabilizaram este projeto.

 

Ao completar 35 anos, podemos afirmar que há duas condições bastante favoráveis ao desempenho do curso.

 

A primeira, a formação básica do corpo docente. Além de outras formações complementares todos os professores são graduados em desenho industrial. Talvez seja um dos poucos cursos, senão o único, que todos professores têm formação específica.

 

A segunda, o regime de trabalho dos professores. Todo o corpo docente é contratado em regime de tempo integral e dedicação exclusiva. O que permite que professores se dediquem ao ensino, à pesquisa e à atividade de extensão, bem como estejam regularmente na universidade para atender demandas de estudantes.

 

A recente expansão física da UFCG também beneficiou a unidade acadêmica e o curso com infraestrutura da qual se ressentiu.

 

Estas condições podem reverter em proveito da melhoria do padrão da qualidade do ensino e da justa visibilidade do curso no cenário nacional na oportunidade em que celebra 35 anos de existência.

 


Data: 16/07/2013